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    Brasil deveria ter sido mais explícito na condenação, diz ex-ministro

    Celso Lafer comentou a relação do governo brasileiro e do presidente Jair Bolsonaro frente à guerra entre Ucrânia e Rússia

    Douglas Portoda CNN

    em São Paulo

    O ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer afirmou, nesta sexta-feira (25), em entrevista à CNN, que a posição do governo brasileiro e do presidente Jair Bolsonaro (PL) deveria ter sido mais explícita na condenação à invasão da Ucrânia pela Rússia.

    O Brasil e outros dez  países votaram a favor de uma resolução que condena a medida russa e pede a retirada de tropas no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). A Rússia foi contra, e por ser membro permanente do comitê, tem direito ao veto.

    “Uma negociação de uma resolução no Conselho de Segurança tem sempre seus ajustes. Creio que ela é o que poderia se obter nesse momento. Nesse sentido, ela é positiva. Mas creio que a posição do governo brasileiro, e sobretudo do presidente, que é o responsável pela política externa, deveria ter sido mais explícita na condenação dessa invasão, que é o uso de força e da ameaça para retificar fronteiras e redesenhar uma segurança na região”, declarou Lafer.

    Bolsonaro afirmou, em 24 de fevereiro, que é sua a decisão sobre o posicionamento do Brasil frente à guerra na Ucrânia. “Quem fala pelo país é o presidente e o presidente se chama Jair Messias Bolsonaro. Quem tem dúvida disso basta procurar o Artigo 84 [da Constituição Federal]. Quem está falando isso está falando sobre o que não lhe compete”, disse Bolsonaro em transmissão pelas redes sociais.

    A fala acontece após o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) declarar que os países do Ocidente devem usar a força em apoio aos ucranianos. “Tem que haver o uso da força. Realmente um apoio à Ucrânia maior do que o que está sendo colocado. Essa é a minha visão”, indicou Mourão.

    Em viagem à Rússia, em 16 de fevereiro, Bolsonaro discursou ao lado do presidente Vladimir Putinque prega a paz e respeita “quem age desta maneira” e que era solidário ao país. Entretanto, não citou o conflito com os ucranianos.

    Os Estados Unidos criticaram o discurso de Bolsonaro, afirmando que “o momento em que o presidente do Brasil se solidarizou com a Rússia, quando as forças russas se preparam para lançar ataques a cidades ucranianas, não poderia ter sido pior”, disse à CNN um porta-voz do Departamento de Estado.