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    Blinken se encontra com Xi Jinping em Pequim em meio a tensões entre EUA-China

    Secretário dos EUA visitou a China enquanto as duas potências estão cada vez mais em desacordo sobre uma série de questões

    Kylie AtwoodSimone McCarthyda CNN

    O líder chinês Xi Jinping e o principal diplomata americano Antony Blinken se encontraram em Pequim nesta segunda-feira (19), em um passo crucial para remendar os laços EUA-China depois que eles se romperam após uma disputa sobre um balão de vigilância chinês no início deste ano.

    Os dois se encontraram no Grande Salão do Povo de Pequim, de acordo com a emissora estatal chinesa CCTV.

    Blinken é o primeiro secretário de Estado dos EUA a visitar Pequim em cinco anos e suas conversas com altos funcionários chineses são vistas como um teste decisivo para saber se algum tipo de détente pode ser forjado em um momento de desconfiança persistente.

    A incerteza sobre se Xi e Blinken se encontrariam durante a visita de dois dias destacou ainda mais as tensas relações EUA-China e uma falha em agendar um encontro cara a cara teria sido vista por Washington como uma desconsideração, rompendo com uma série de visitas anteriores de diplomatas americanos do alto escalão.

    A reunião só foi anunciada publicamente pelos EUA cerca de uma hora antes de acontecer.

    As duas potências globais estão cada vez mais em desacordo sobre uma série de questões que vão desde os laços estreitos de Pequim com Moscou até os esforços americanos para limitar a venda de tecnologias avançadas para a China.

    A chave entre essas preocupações tem sido reparar linhas de comunicação fraturadas, que foram quebradas no ano passado, especialmente quando se trata de trocas militares de alto nível – levantando preocupações em Washington de que um erro ou acidente pode rapidamente se transformar em conflito.

    No início deste ano, um balão de vigilância chinês – detectado flutuando nos EUA e pairando sobre locais militares sensíveis antes de ser abatido por um avião de combate americano – levou as relações a um novo patamar e resultou no cancelamento de uma visita anterior de Blinken a Pequim.

    Desta vez, a missão diplomática avançou. Mas em uma reunião entre Blinken e o principal assessor de relações exteriores da China, Wang Yi, na manhã de segunda, destacou os profundos desafios para superar a desconfiança e o atrito que passaram a caracterizar o relacionamento.

    “Uma escolha precisa ser feita”

    Repetindo a retórica típica de Pequim, Wang culpou a “percepção errada” de Washington sobre a China como a “causa raiz” do declínio nas relações dos dois lados e exigiu que os EUA parassem de “suprimir” o desenvolvimento tecnológico da China e exagerar a “ameaça da China”, de acordo com uma leitura da emissora estatal chinesa CCTV.

    “Devemos reverter a espiral descendente das relações China-EUA, promover um retorno a um caminho saudável e estável e, em conjunto, encontrar o caminho certo para a China e os Estados Unidos coexistirem na nova era”, disse Wang, acrescentando que a visita de Blinken ocorreu em “um momento crítico nas relações EUA-China, onde uma escolha precisa ser feita entre diálogo ou confronto, cooperação ou conflito”.

    Wang também reiterou que Taiwan é um dos “interesses centrais” da China, sobre o qual “não há espaço para concessões ou recuos”.

    A ilha democrática autogovernada, que o Partido Comunista da China reivindica, mas nunca controlou, tem sido cada vez mais outro ponto crítico no relacionamento EUA-China.

    Durante a reunião, Blinken destacou a necessidade de os países administrarem “responsavelmente” sua concorrência por meio de “canais abertos de comunicação” para garantir que “não se transforme em conflito”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em comunicado.

    Os EUA continuariam a usar sua diplomacia para “defender os interesses e valores do povo americano”, disse Blinken, segundo o comunicado, que descreveu as negociações como “sinceras e produtivas” e disse que elas incluem a discussão de uma possível cooperação em desafios transnacionais compartilhados.

    Diálogo avançado?

    No geral, os comentários de Wang tiveram um tom mais combativo do que os do ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, que se encontrou com Blinken no dia anterior.

    Qin disse que ambos os lados concordaram em “promover o diálogo, intercâmbio e cooperação” e “manter interações de alto nível”, de acordo com uma leitura de Pequim.

    A reunião de domingo de Blinken com Qin, que durou mais de cinco horas e depois terminou com um jantar de trabalho, resultou em progresso “em várias frentes”, com ambos os lados mostrando um “desejo de reduzir as tensões”, disse um alto funcionário do Departamento de Estado a repórteres domingo (18).

    “Diferenças profundas” entre os EUA e a China, no entanto, também ficaram claras durante a reunião, acrescentou o funcionário.

    Nenhum dos lados mencionou acordos concretos até agora.

    Embora Qin detenha o cargo de ministro das Relações Exteriores, ele exerce menos poder do que Wang, que dirige a política externa do país por meio de sua posição na liderança central do partido.

    A visita originalmente agendada de Blinken para o início de fevereiro foi acertada como uma continuação de um encontro cara a cara amigável entre o presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente da China, Xi, à margem do G20 em Bali em novembro.

    Essa reunião – a primeira pessoalmente entre os dois líderes como presidentes – foi considerada um passo fundamental para restaurar certas linhas de comunicação, que Pequim cortou no ano passado após uma visita da então presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan.

    Tanto os EUA quanto a China minimizaram as expectativas de um grande avanço durante a visita de Blinken.

    Antes da reunião, Washington teve o cuidado de administrar as expectativas, com um alto funcionário do Departamento de Estado dizendo a repórteres na semana passada que não esperava “uma longa lista de entregas”.

    Enquanto isso, ambos os lados também estão navegando em como as reuniões funcionam para seus respectivos públicos domésticos.

    Nos Estados Unidos, a força para conter a China tornou-se o tema de um acalorado debate político – com alguns legisladores criticando o governo Biden por sentar-se com Pequim.

    A China vê Washington tentando ativamente impedir seu desenvolvimento. Seus funcionários também se encontram com Blinken em um ambiente onde a mídia estatal da China e a retórica oficial há muito retratam Washington como um ator de má-fé responsável por desestabilizar os laços.

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