Blinken cancela reunião com ministro das Relações Exteriores da Rússia
Secretário de Estado dos EUA disse que Rússia deixou clara a rejeição da diplomacia
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse que cancelou sua reunião com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, que deveria acontecer na quinta-feira (24).
Em coletiva de imprensa junto do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, Blinken disse que só faria a reunião se a Rússia não invadisse a Ucrânia, mas que “agora que vemos que a invasão está começando e a Rússia deixou clara sua rejeição total à diplomacia, não faz sentido avançar com essa reunião neste momento”.
“Consultei nossos aliados e parceiros. Todos concordam. Hoje, enviei ao ministro das Relações Exteriores Lavrov uma carta informando-o disso”, acrescentou.
O anúncio de Blinken ocorre um dia depois que o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu duas regiões separatistas pró-Moscou na Ucrânia como independentes e anunciou que enviaria forças de “manutenção da paz” para lá.
O presidente dos EUA, Joe Biden, e altos funcionários do país disseram nesta terça-feira (22) que os movimentos de Putin marcaram o início de uma nova invasão russa da Ucrânia, e Biden anunciou uma primeira parcela de sanções em resposta.
Blinken disse que os Eestados Unidos “continuam comprometidos com a diplomacia se a Rússia estiver preparada para tomar medidas demonstráveis para fornecer à comunidade internacional qualquer grau de confiança de que leva a sério a redução da escalada e a busca de uma solução diplomática”.
Ele observou que os EUA vão permanecer em coordenação com seus aliados e parceiros “com base nas ações da Rússia e nos fatos no local”.
“Mas não permitiremos que a Rússia reivindique a pretensão de diplomacia ao mesmo tempo em que acelera sua marcha pelo caminho do conflito e da guerra”, continuou.
Entenda o conflito
Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia está aumentando a pressão sobre seu ex-vizinho soviético, ameaçando desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.
A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país. A mobilização provocou alertas de oficiais de inteligência dos EUA de que uma invasão russa pode ser iminente.
Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não chegaram a uma conclusão. Foi reconhecida pelo presidente russo Vladimir Putin, na segunda-feira (21), a independência de Donetsk e Luhansk, duas áreas separatistas ucranianas.
A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.
(Com informações de Sarah Marsh e Madeline Chambers, da Reuters, e de Eliza Mackintosh,