Biden apresenta equipe e promete volta do protagonismo dos EUA
Em seu primeiro pronunciamento após o início formal da transição, democrata afirmou que sua administração 'confrontará adversários e não rejeitará aliados'
O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, e a vice-presidente eleita, Kamala Harris, apresentaram nesta terça-feira (24) os primeiros escolhidos para fazer parte de seu gabinete.
Os seis indicados para cargos na área da política externa e da segurança nacional se juntaram a eles em um pronunciamento na cidade de Wilmington, no estado de Delaware.
“É uma equipe que manterá nosso país e nosso povo protegidos e seguros. E é uma equipe que reflete o fato de que a América está, novamente, pronta para liderar o mundo e não se afastar dele. Mais uma vez, sentaremos na ponta da mesa [de negociação]”, disse Biden, na frente de seus indicados, que estavam posicionados de forma a respeitar o distanciamento social no palco.
“Eles incorporam minhas crenças centrais de que os EUA são mais fortes quando trabalham com seus aliados”, disse Biden. “Coletivamente, esta equipe garantiu algumas das conquistas diplomáticas e de segurança nacional mais marcantes nos tempos recente, possibilitadas por décadas de experiência de trabalho com nossos parceiros”, continuou.
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“Experiência e liderança. Pensamento renovado e perspectiva. E uma crença inabalável na promessa da América. Eu já disse há muito tempo que os EUA lideram não apenas pelo exemplo de sua força, mas pela força de seu exemplo. Estou orgulhoso de juntar essa equipe incrível que liderará pelo exemplo.”
Biden anunciou na segunda-feira vários nomes para cargos importantes, incluindo a primeira mulher a liderar a comunidade de inteligência dos EUA e o primeiro latino a chefiar o Departamento de Segurança Interna (DHS, em inglês).
São eles, respectivamente, Avril Haines, uma ex-funcionária do alto escalão da CIA e assessora de segurança nacional adjunto, e Alejandro Mayorkas, ex-secretário adjunto do DHS, que farão história se confirmados pelo Senado.
O presidente eleito também nomeou Antony Blinken para a vaga de secretário de Estado, Linda Thomas-Greenfield como embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Jake Sullivan como conselheiro de segurança nacional e John Kerry como enviado especial da presidência para o clima.
Blinken será o principal assessor de política externa de Biden e atuou no governo de Barack Obama como vice-secretário de Estado e principal vice-conselheiro de segurança nacional.
Thomas-Greenfield, uma mulher afro-americana com uma longa carreira na diplomacia, já foi secretária-assistente do Bureau de Assuntos Africanos.
Sullivan é um conselheiro sênior de política de Biden e atuou como conselheiro de segurança nacional de Biden quando era vice-presidente e diretor de planejamento de políticas do Departamento de Estado dos EUA.
Kerry foi secretário de Estado do presidente Barack Obama de 2013 a 2017 e foi o candidato do Partido Democrata à presidência em 2004.
Haines, Mayorkas, Blinken e Thomas-Greenfield precisarão ser confirmados pelo Senado dos Estados Unidos, que atualmente é controlado pelos republicanos .
“Para o Senado dos Estados Unidos: espero que esses nomeados notáveis recebam uma audiência rápida e que possamos trabalhar independente do partido de boa fé para seguir em frente pelo nosso país”, disse Biden.
“Vamos começar esse trabalho para corrigir os problemas e unir tanto os EUA quanto o mundo”, concluiu.
Reação republicana
Senadores republicanos afirmaram estar preparados para rejeitar parte dos nomeados por Biden para seu gabinete, apesar da tradição de longa data nos EUA de um novo presidente ter o direito de escolher quem dirigirá as agências governamentais.
As ameaças, de senadores como Marco Rubio e Tom Cotton, destaca a importância de duas eleições de segundo turno na Geórgia, no início de janeiro, que determinarão se os republicanos manterão o controle majoritário do Senado ou se os democratas retomarão essa Casa após seis anos.
Rubio, um membro sênior do Comitê de Relações Exteriores, que tem jurisdição sobre os indicados do Departamento de Estado, escreveu no Twitter que as escolhas de Biden “serão zeladores educados e ordeiros do declínio dos EUA”.
Cotton citou as críticas de 2014 do ex-secretário de Defesa Robert Gates de que Biden estava errado em “quase todas” as principais questões de política externa.
“Agora ele está se cercando de abraços de panda que apenas reforçam seus instintos de abrandamento em relação à China”, escreveu Cotton no Twitter.
Lara Brown, diretora da escola de pós-graduação em administração política da Universidade George Washington, disse que os republicanos devem ser mais obstrucionistas no Senado se vencerem as duas eleições na Geórgia.
“Eles acharão que o vento está a seu favor. Eles vão sentir que ganharam mesmo que Trump não mais no governo. Eles vão sentir que há uma vantagem para continuarem a campanha”, disse ela.
(Com informações de Kate Sullivan e Arlette Saenz, da CNN, e da Reuters)