Biden deve ser mais intervencionista na economia dos EUA, diz especialista
Para José Niemeyer, coordenador do curso de Relações Internacionais do Ibmec, linha neo-keynesiana do democrata agrada mais aos grandes empresários do país
Caso vença a disputa para ser o novo presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, que lidera a apuração das eleições norte-americanas, deve aumentar os gastos do estado e a interferência na economia.
“Biden, mesmo sendo mais de centro do que de centro-esquerda, vai seguir o que o Partido Democrata normalmente faz, que á uma linha mais keynesiana, ou neo-keynesiana, com mais gasto do estado, mais interferência na economia, para aumentar a demanda agregada da economia a partir dos gastos estatais”, disse à CNN José Niemeyer, coordenador do curso de Relações Internacionais do Ibmec.
“E, por incrível que pareça, os grande empresários norte-americanos, no geral, gostam daquele governante que gasta, que trabalha com essa visão, com crédito, com parceria em obras”, completou.
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Por outro lado, ele afirmou que se Trump for reeleito deve manter a doutrina liberal que marcou a maior parte de seu primeiro mandato.
“Trump trabalha com a doutrina liberal, o liberalismo quase puro, muito parecido com o que [Ronald] Reagan fez na sua gestão, o chamado supply siders, uma economia da oferta, com a diminuição de impostos, principalmente para a classe média, média-alta e alta, para liberar mais a economia” afirmou Niemeyer.
Ele explicou que esse tipo de política agrada mais aos pequenos e médios empresários, presentes em grande número na sociedade norte-americana, considerada muito empreendedora.
Do ponto de vista das relações comerciais com o Brasil, o especialista afirmou que, seja qual for o próximo presidente dos EUA, deve manter uma agenda parcialmente protecionista.
“É verdade que os democratas sejam mais protecionistas – e essa é uma das contradições dentro do partido –, mas a agenda de Trump também é protecionista”, disse, citando como exemplos a postura do republicano de escolher parceiros e não trabalhar no sistema multilateral de comércio.