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    Biden deve declarar que massacre de armênios foi genocídio

    Extermínio ocorreu entre 1915 e 1923 e até hoje não é reconhecido pela Turquia; fala do presidente americano está prevista para sábado e pode piorar as relações

    Kevin Liptak, Jeff Zeleny e Jeremy Diamond, CNN

    O presidente Joe Biden deve declarar que o massacre de cerca de 1,5 milhão de armênios sob o Império Otomano, entre 1915 e 1923, foi um “genocídio”. O reconhecimento está previsto para ocorrer ainda nesta semana e pode causar conflitos com o governo da Turquia

    Duas fontes familiarizadas com a decisão disseram que o presidente pretende fazer a declaração como parte de um comunicado oficial no Dia da Memória, que será neste sábado (24). Ambas fontes disseram que era possível que ele mudasse de ideia antes disso e emitisse uma declaração apenas reconhecendo o evento, sem descrevê-lo como genocídio.

    Autoridades americanas também enviaram sinais a aliados de fora do governo que pressionam por uma declaração oficial do presidente, disse uma terceira pessoa ligada ao assunto.

    O governo da Turquia frequentemente reclama quando governos estrangeiros usam a palavra “genocídio” para caracterizar o evento.

    Eles afirmam que se tratou de uma guerra e que houve perdas de ambos os lados, e estimam o número de armênios mortos em 300 mil. Os presidentes Barack Obama e Donald Trump evitaram usar o termo genocídio para evitar irritar o país do Oriente Médio. 

    Mas Biden havia feito essa promessa durante a campanha e determinou que as relações com a Turquia e seu presidente, Recep Tayyip Erdogan – que se deterioraram nos últimos anos – não devem impedir o uso de um termo que valida a situação dos armênios há mais de um século e sinaliza um compromisso com os direitos humanos hoje.

    A Casa Branca se recusou a comentar a decisão. A secretária de imprensa Jen Psaki disse que o governo “teria mais a dizer sobre o Dia da Memória no sábado”.

    Promessas semelhantes à do atual presidente não foram cumpridas. Quando Obama foi candidato, ele declarou em um longo comunicado que compartilhava “com os armênios americanos, muitos dos quais descendentes de sobreviventes da tragédia, um compromisso de princípio para acabar com o genocídio”.

    Porém, como presidentes antes dele, as realidades da diplomacia intervieram assim que ele assumiu o cargo.

    Presidente da Turquia, Tayyip Erdogan
    Presidente da Turquia, Tayyip Erdogan
    Foto: Presidência da Turquia/Divulgação via REUTERS

    Em todos os oito anos na presidência, Obama evitou usar “genocídio” ao comemorar o evento de abril. Com a Turquia posicionada como um parceiro-chave na luta contra os terroristas do Estado Islâmico, a questão se tornou ainda menos provável.

    Em 2019, o Senado aprovou uma resolução reconhecendo formalmente os assassinatos em massa de armênios de 1915 a 1923 como genocídio. Antes de sua aprovação, o governo Trump pediu várias vezes aos senadores republicanos que votassem contra, alegando que isso poderia minar as negociações com a Turquia.

    Trump tentou cultivar uma amizade com Erdogan, mesmo quando as relações entre Washington e Ancara ficaram complicadas após a compra pela Turquia de um sistema de defesa aérea de fabricação russa e constantes relatos de abusos dos direitos humanos por forças apoiadas pela Turquia na Síria.

    Biden não falou com Erdogan desde que assumiu o cargo, embora o líder turco deva participar da Cúpula do Clima que Biden convocou para esta quinta e sexta-feira.

    (Esse texto é uma tradução. Para ler o original, em ingles, clique aqui)

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