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    EUA devem retirar tropas do Afeganistão até 11 de setembro

    Biden avalia a decisão há meses com seus assessores e sinalizou que as tropas americanas não devam permanecer no país muito depois do prazo

    Heloisa Villela*, da CNN, em Nova York

    O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, planeja anunciar nesta terça-feira (13) a retirada das tropas americanas do Afeganistão até 11 de setembro, vigésimo aniversário dos ataques terroristas de 2001, de acordo com três fontes familiarizadas com os planos.

    A retirada estende a presença das forças dos Estados Unidos além do prazo final de 1º de maio definido pelo governo Trump em um acordo com o Talibã, mas apenas por alguns meses.

    Biden avalia a decisão há meses com seus assessores e sinalizou que as tropas americanas não devem permanecer no país muito depois do prazo.

    Autoridades devem explicar a decisão mais tarde nesta terça-feira (13). O jornal Washington Post foi o primeiro a relatar a notícia.

    Autoridades americanas dizem que há cerca de 2.500 soldados no Afeganistão. Além disso, não está claro o que acontecerá com centenas de forças de operações especiais dos Estados Unidos que costumam trabalhar para a CIA em missões de combate ao terrorismo. Essas tropas não são reconhecidas publicamente e não fazem parte do cálculo formal no país.

    Decisão acabaria com a guerra mais longa da história americana

    O novo prazo de Biden, em 11 de setembro, marcaria um fim simbólico para a guerra mais longa da história americana: exatamente 20 anos após o 11 de setembro de 2001, data em que os ataques terroristas desencadearam a invasão inicial dos Estados Unidos ao Afeganistão.

    A retirada das tropas é a primeira grande decisão da presidência de Biden em relação às Forças Armadas dos Estados Unidos no exterior, e o presidente pensou sobre o que fazer durante os meses que antecederam o prazo de 1º de maio definido por seu antecessor.

    No mês passado, Biden sinalizou que dificilmente cumpriria o prazo de 1º de maio, mas disse em sua primeira entrevista coletiva como presidente que não previa que as tropas dos Estados Unidos permanecessem no Afeganistão no próximo ano.

    “Não vamos ficar por muito tempo. Vamos embora”, disse Biden. “A questão é quando partiremos.” Ele acrescentou: “será difícil cumprir o prazo de 1º de maio apenas em termos de razões táticas”.

    O secretário de Estado, Tony Blinken, trabalhou para que Biden anunciasse a retirada em um telefonema com o presidente afegão, Ashraf Ghani, de acordo com duas fontes familiarizadas com a conversa.

    Blinken não divulgou detalhes precisos sobre a retirada, mas explicou que Biden ligaria para Ghani na quinta-feira (15), e informou o presidente afegão que Biden havia decidido retirar as tropas ao longo dos próximos meses.

    O governo Biden também fez uma série de telefonemas para aliados na região nesta tarde para detalhar sua estratégia planejada, segundo informaram à CNN duas fontes diplomáticas.

    Ghani tuitou sobre sua conversa com Blinken e as planejadas negociações de paz apoiadas pelos Estados Unidos entre o governo do Afeganistão e o Talibã, marcadas para esta semana.

    “Hoje falei com o secretário @ABlinken. Discutimos o processo de paz em andamento, as próximas negociações de paz na Turquia e também falamos sobre o próximo telefonema com o presidente @JoeBiden”, tuitou Ghani.

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    Decisão vem com riscos

    A decisão de definir um prazo para a retirada traz riscos, já que comandantes militares de alto escalão defendem a manutenção das tropas americanas no país e argumentam que uma retirada prematura pode levar ao colapso do governo afegão.

    Os recentes ataques contra as forças dos Estados Unidos no Afeganistão também alimentaram preocupações. A CNN noticiou na semana passada que o Talibã  teve como alvo duas vezes uma das bases mais fortemente guardadas do país em março e que militares dos Estados Unidos que trabalhavam para a CIA estavam na instalação quando ela foi atacada.

    Os Estados Unidos querem manter presença de inteligência no Afeganistão, segundo duas fontes familiarizadas com o assunto.

    A avaliação anual da comunidade de inteligência dos Estados Unidos aponta que as perspectivas de um acordo de paz entre o Talibã e o governo afegão “permanecem baixas durante o próximo ano”.

    “É provável que o Talibã obtenha ganhos no campo de batalha e o governo afegão lutará para mantê-lo sob controle se a coalizão retirar o apoio”, diz a avaliação.

    (*Com informações de Kevin Liptak, Jeremy Herb, Barbara Starr e Kylie Atwood, da CNN)