Biden culpa Congresso americano por fracasso de Ucrânia na guerra
Projeto de ajuda ao país em guerra não sai do papel nos Estados Unidos
O presidente Joe Biden, durante uma ligação com o líder ucraniano Volodymyr Zelensky, culpou o Congresso americano pelo avanço do exército russo na cidade de Avdiivka. Lembrando que os congressistas barraram um pacote de ajuda ao país em guerra em meio a disputas internas.
“Esta manhã, os militares da Ucrânia foram forçados a se retirar de Avdiivka depois que soldados tiveram que racionar munição devido à diminuição dos suprimentos como resultado da inação do Congresso, resultando nos primeiros ganhos notáveis da Rússia em meses. O presidente Biden enfatizou a necessidade de o Congresso aprovar urgentemente o projeto de financiamento suplementar de segurança nacional para reabastecer as forças ucranianas”, disse a Casa Branca neste sábado (17).
A ligação entre os líderes acontece em uma semana definida pelas tentativas dos EUA de reafirmar a liderança no cenário mundial.
Biden também destacou a urgência de enviar fundos adicionais para a Ucrânia em meio à retirada de Avdiivka, uma cidade-chave que nos últimos meses se tornou o centro do campo de batalha na guerra do leste europeu. O líder americano ainda comentou sobre a notícia da morte do crítico do Kremlin Alexei Navalny.
No início desta semana, o Senado aprovou com apoio bipartidário uma lei de ajuda externa de 95,3 bilhões de dólares, que inclui 60 bilhões de dólares para apoiar a Ucrânia. No entanto, o presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson disse que não planeja avançar com o projeto de lei.
Autoridades dos EUA recentemente expressaram preocupação com os ganhos russos na guerra, sugerindo que é um reflexo de uma desaceleração na ajuda.
A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Adrienne Watson, também disse em um comunicado compartilhado com a CNN que a retirada de Avdiivka é um resultado direto do projeto de lei de ajuda externa que está sendo paralisado no Congresso.
“Este é o custo da inação do Congresso. Os ucranianos continuam a lutar bravamente, mas estão ficando sem suprimentos. É fundamental que a Câmara aprove o financiamento adicional da Ucrânia sem demora para que possamos fornecer ao país as munições de artilharia e outros equipamentos críticos que eles precisam para se defender”, disse ela.
A vice-presidente Kamala Harris se encontrou neste sábado com o presidente Zelensky. Na ocasição, Harris pediu ao Congresso que enviasse ajuda para a Ucrânia e criticou os republicanos por barrar o projeto na Câmara.
“O jogo político não tem nenhum papel a desempenhar no que é fundamentalmente sobre a importância de estar com um aliado enquanto ele sofre uma agressão não provocada”, disse Harris a repórteres após uma reunião bilateral com Zelensky na Conferência de Segurança de Munique na Alemanha.
“Para nós, este pacote é vital”, disse Zelensky. “Atualmente não procuramos alternativas porque contamos com os Estados Unidos.”
Enquanto o líder ucraniano disse que não considera a falta de financiamento adicional uma traição, ele critiou a Câmara por estar em recesso até o final do mês.
“Por favor, todos, lembrem-se de que os ditadores não saem de férias”, disse ele durante um discurso na conferência. “O ódio não tem pausa. A artilharia inimiga não se cala devido a questões processuais.”
Biden criticou na sexta-feira (16) os parlamentares da Câmara por fazerem uma pausa de duas semanas, chamando-a de “ultrajante” e dizendo aos repórteres que está “na hora de eles darem um passo à frente” após a morte da figura da oposição russa Navalny.
“Duas semanas, eles estão indo embora”, disse Biden na Casa Branca. “Duas semanas. O que eles estão pensando? Meu Deus, isso é bizarro, e está apenas reforçando toda a preocupação e quase – não vou dizer pânico – mas a preocupação real com os Estados Unidos sendo um aliado confiável. Isto é um ultraje.”
A Ucrânia tem enfrentado uma pressão renovada em toda a frente oriental em sua guerra contra a Rússia, agravada pela escassez de munição e soldados. A retirada de Avdiivka marca o maior ganho para Moscou desde que capturou a cidade de Bakhmut no ano passado.