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    Bênçãos para casais homoafetivos: o que o papa Francisco já disse sobre gays

    Considerado progressista na Igreja Católica, sumo pontífice já foi criticado por declarações que deu sobre membros da comunidade LGBTQIAP+

    Da CNN

    Nesta segunda-feira (18), o papa Francisco autorizou formalmente os padres católicos romanos a abençoarem casais do mesmo sexo.

    Em outubro, ele já havia manifestado que era favorável a essa mudança histórica ao responder cardeais conservadores críticos seus. 

    Considerado progressista, Francisco já fez mais de uma declaração em favor de parte da comunidade LGBTQIAP+, mas nem sempre seguiu essa linha.

    O sumo pontífice reiterou que a igreja só reconhece o casamento a partir do matrimônio, entre homem e mulher, mas disse que os demais casais também devem ser abençoados.

    “Quando você pede uma benção, você expressa um pedido de ajuda de Deus, uma oração para viver melhor, uma confiança em um pai que pode ajudá-lo a viver melhor”, disse.

    “Abençoar o pecado”

    Com a autorização formal do Vaticano desta segunda (18) e a declaração de outubro passado, Francisco demonstrou uma mudança no discurso em relação ao que havia dito, por exemplo, em março de 2023, de que a igreja não poderia abençoar as uniões amorosas de pessoas do mesmo sexo porque “não poderia abençoar o pecado”.

    “A bênção das uniões homossexuais não pode ser considerada lícita”, escreveu o principal escritório doutrinário do Vaticano, a Congregação para a Doutrina da Fé, no comunicado. “[Deus] não abençoa e não pode abençoar o pecado”, acrescentou a declaração.

    Pecado sim, crime não

    Em janeiro deste ano, Francisco já havia se referido às relações homoafetivas como um pecado, mas discordado que fossem consideradas como crime. “Não é crime, mas é pecado”, disse. “Tudo bem, mas, primeiro, vamos distinguir entre um pecado e um crime”.

    “Também é pecado não ter caridade uns com os outros”, acrescentou depois.

    Criminalizar LGBTQIAP+ é pecado

    Em fevereiro, ele disse que a criminalização da comunidade LGBTQIAP+ e de relações homoafetivas também são pecado e uma injustiça, porque Deus ama e acompanha essas pessoas também.

    “A criminalização da homossexualidade é um problema que não pode ser ignorado”, disse Francisco, que então citou estatísticas não identificadas segundo as quais 50 países criminalizam pessoas LGBT “de uma forma ou de outra” e cerca de 10 outros têm leis que incluem a pena de morte para eles.

    Apoio a filhos gays

    Em janeiro de 2022, Francisco havia dado outra declaração importante sobre a comunidade LGBTQIAP+, afirmando que pais e mães devem apoiar seus filhos quando não forem heterossexuais.

    O comentário foi feito durante a audiência semanal do papa em referência às dificuldades que os pais podem enfrentar na criação de filhos.

    Essas questões incluem “pais que observam diferentes orientações sexuais em seus filhos e como lidar com isso, como acompanhar seus filhos e não se esconder atrás de uma atitude de condenação”, disse Francisco.

    Na ocasião, ele também disse que, embora a Igreja não possa aceitar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, ela pode apoiar leis de união civil que garantam direitos aos casais homoafetivos, como pensões, saúde e herança.

    Vídeo: Papa sugere pela 1ª vez que casais homoafetivos possam ganhar a bênção

    Papa é considerado progressista

    O papa Francisco é considerado progressista dentro da Igreja Católica. Ele já deu declarações em favor também de imigrantes e das mulheres, por exemplo.

    Ele enfrenta, por isso, resistência dentro da Igreja por parte de uma ala mais conservadora.

    A carta de outubro na qual falou da benção a casais homoafetivos foi, inclusive, uma resposta a questionamentos desses membros conservadores.

    Francisco também foi questionado pelos católicos conservadores sobre a indicação de mulheres para o sacerdócio. Como resposta, ele defendeu as palavras do papa João Paulo 2º, morto em 2005.

    “O catolicismo não tem autoridade para ordenar [tornar padre] mulheres, mas a questão deve ser melhor estudada”, disse.

    Ele ainda falou que, “se as consequências práticas das distinções entre homem e mulher não forem compreendidas, será difícil aceitar que o sacerdócio está reservado apenas aos homens, e não seremos capazes de reconhecer o direito das mulheres”.

    Para os conservadores da igreja, essas questões (casamento homoafetivo e ordenamento de mulheres) não deveriam nem mesmo serem discutidas. O que Francisco deu a entender que discorda.

    *Publicado por Pedro Jordão, com informações de Priscila Yazbek, da CNN em São Paulo e Paris

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