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    “Bateram em mim”, disse diplomata à CNN após ser imobilizado em invasão de embaixada no Equador

    Declaração foi feita após prisão, na última sexta (5), pela polícia do Equador, do ex-vice-presidente Jorge Glas, que estava asilado no local

    “Bateram em mim”, disse diplomata à CNN após ser imobilizado em invasão de embaixada no Equador
    “Bateram em mim”, disse diplomata à CNN após ser imobilizado em invasão de embaixada no Equador Reprodução/ CNN

    Luciana Taddeoda CNN

    de Buenos Aires

    “O que vocês acabam de ver é uma agressão”, disse à CNN, claramente desnorteado, o chefe da embaixada mexicana no Equador, Roberto Canseco. A declaração foi feita após a invasão do recinto diplomático e prisão, na última sexta (5), pela polícia do Equador, do ex-vice-presidente Jorge Glas, que estava asilado no local.

    Canseco, chefe da chancelaria e de assuntos políticos do México no Equador, foi imobilizado e jogado no chão pela polícia, ao tentar impedir que Glas fosse levado. Ao se levantar qualificou o episódio como “totalmente inaceitável” e “barbárie”.

    “Bateram em mim”, exclamou, chacoalhando as mãos. E também descreveu que sua cabeça bateu contra o chão durante o episódio: “Fisicamente tentei impedir que entrassem”, disse ele quando questionado pela repórter Ana María Cañizares, da CNN.

    Veja o momento da agressão:

    Nas imagens da operação é possível ver policiais pulando o muro da sede diplomática e um dos agentes sobre o muro, com um fuzil, no momento em que os portões são abertos, sem a autorização de Canseco.

    “Como delinquentes invadiram a embaixada do México no Equador. Isso não é possível, não pode ser, é uma loucura”, afirmou sobre a operação policial. “Não é possível que violem o recinto diplomático como fizeram”, protestou.

    Questionado sobre se houve algum aviso prévio de que a invasão poderia acontecer, Canseco disse: “não, isso é totalmente fora de toda norma”, disse. “Não me deixaram fazer nada, estou totalmente indefeso diante desse grupo”, disse, complementando: “fisicamente colocando minha vida em risco, defendi a honra e a soberania no meu país”.

    O diplomata disse estar preocupado pelo destino do ex-vice-presidente para quem o México tinha concedido asilo político e esperava o salvo-conduto para que ele pudesse deixar o Equador. “Estou muito preocupado porque podem matá-lo, não tem nenhum fundamento para fazer isso”.

    Canseco assumiu o comando da missão diplomática do México no Equador depois que o governo de Daniel Noboa declarou a embaixadora mexicana, Raquel Serur, persona non grata e deu um prazo para que ela deixasse o país. No comunicado em que lamentou a decisão, a chancelaria mexicana informou que concederia asilo político a Jorge Glas.

    Glas estava na embaixada do México em Quito desde dezembro. Ele tem condenações por corrupção, considerado pelo governo de Noboa como um crime comum, razão pela qual, segundo a administração equatoriana, a concessão de asilo não corresponderia. Após a invasão da embaixada, Glas foi levado para uma penitenciária de Guayaquil.

    A invasão da sede diplomática levou o México a romper relações com o Equador. Neste domingo, todo o corpo diplomático mexicano e seus familiares voltaram para seu país.

    O episódio provocou um repúdio generalizado da comunidade internacional. Praticamente todos os países da América do Sul repudiaram a invasão. O secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, afirmou estar “alarmado” com a violação da sede diplomática.

    A Organização dos Estados Americanos (OEA) afirmou que “rejeita qualquer ação que viole ou coloque em risco a inviolabilidade das premissas de missões diplomáticas e reitera a obrigação de todos os Estados de não invocar normas de legislação doméstica para justificar o não acatamento de suas obrigações internacionais”.

    O alto representante da União Europeia para Assuntos Exteriores, Josep Borrell, condenou a violação das instalações da embaixada, descumprindo a Convenção de Viena de 1961, que rege as relações diplomáticas entre os países, e pediu respeito ao direito internacional diplomático.