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    Bailarino brasileiro não se arrepende de deixar Bolshoi após invasão russa

    David Motta Soares disse que fugiu para onde pôde

    Sebastião Rocandioda Reuters

    Em fevereiro, após a invasão da Ucrânia por Moscou, o bailarino brasileiro David Motta Soares reservou um voo urgente para a Turquia e deixou para trás seu emprego dos sonhos como solista no mundialmente famoso balé Bolshoi da Rússia.

    Temendo que ele não pudesse sair da Rússia quando as companhias aéreas internacionais começaram a cancelar voos em resposta à invasão, que a Rússia chama de “operação especial”, Motta Soares disse que fugiu para onde pôde.

    “Eu não sabia para onde ir”, disse ele à Reuters em um intervalo dos ensaios no Rio de Janeiro. “Eu estava com medo… Não havia saída.”

    Poucos dias após sua rápida saída da Rússia, Motta Soares anunciou em sua conta no Instagram que havia deixado o Bolshoi, “o lugar que chamei de lar por muitos anos”.

    “Não posso agir como se nada estivesse acontecendo”, escreveu ele, acrescentando que seu coração com seus muitos amigos e suas famílias da Ucrânia.

    A saída apressada de Motta Soares da Rússia, e sua saída de alto nível do Bolshoi, são indicativos de um amplo afastamento ocidental de Moscou desde que o presidente russo, Vladimir Putin, decidiu travar guerra contra sua vizinha Ucrânia.

    Motta Soares, que está prestes a estrelar uma produção do Lago dos Cisnes no icônico Teatro Municipal do Rio, disse à Reuters que foi difícil deixar a Rússia e que houve “tempos tristes”.

    “O Bolshoi é a principal empresa do mundo”, disse. “É a companhia que todo balé sonha.”

    Mas ele disse que “não é nada comparado ao que eles (na Ucrânia) estão passando”.

    Motta Soares disse que considerações profissionais também pesaram em sua tomada de decisão: ele sonha em trabalhar com outras empresas e coreógrafos na Europa. Ficar na Rússia provavelmente tornaria isso impossível, disse ele.

    “Estando na Rússia, eu estava com medo de nunca mais poder sair”, disse ele. “Eu não sabia o que poderia acontecer.”

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