Autoridades russas dizem ter detido repórter americano do Wall Street Journal por espionagem
Evan Gershkovich "tentava obter informações secretas" relacionadas às "atividades de uma das empresas do complexo militar-industrial russo", segundo comunicado
Evan Gershkovich, um jornalista do Wall Street Journal, foi preso na Rússia por suspeita de espionagem, disse o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) em um comunicado publicado pela agência de notícias estatal RIA Novosti nesta quinta-feira (30).
“As atividades ilegais do correspondente do escritório de Moscou do jornal americano The Wall Street Journal, o cidadão americano Evan Gershkovich, nascido em 1991, credenciado no Ministério das Relações Exteriores da Rússia, suspeito de espionagem em interesses do governo americano, foram reprimidas”.
A agência de notícias estatal TASS informou que ele foi detido em Yekaterinburg, no lado leste dos Montes Urais.
O comunicado do FSB disse que Gershkovich foi detido “enquanto tentava obter informações secretas” relacionadas às “atividades de uma das empresas do complexo militar-industrial russo”.
De acordo com a página da biografia de Gershkovich no site do Wall Street Journal, ele cobre a Rússia, a Ucrânia e a ex-União Soviética.
Anteriormente, ele trabalhou para a agência de notícias Agence France-Presse, o Moscow Times e o New York Times.
A CNN entrou em contato com o Wall Street Journal para comentar.
Prisão ocorre em meio a rígidas restrições a jornalistas na Rússia
A prisão de Evan Gershkovich ocorre em meio a uma repressão na Rússia a jornalistas independentes e agências de notícias estrangeiras após a invasão da Ucrânia.
Em março de 2022, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou um projeto de lei de censura tornando impossível para as organizações de notícias relatar com precisão as notícias na Rússia ou da Rússia.
A lei, segundo o Comitê para Proteger Jornalistas, torna crime a divulgação de informações “falsas” sobre a invasão da Ucrânia, com pena de até 15 anos de prisão.
Após a aprovação da lei, vários grandes veículos de notícias internacionais, incluindo CNN, BBC e CBS News, anunciaram que inicialmente suspenderiam as reportagens na Rússia.
Publicações ocidentais e sites de mídia social foram bloqueados on-line, forçando os russos que buscam alternativas à propaganda oficial a se esconder usando redes privadas virtuais, ou VPNs, que permitem que as pessoas naveguem na Internet livremente criptografando seu tráfego na Internet.
Dados da Sensortower, uma empresa de pesquisa de mercado de aplicativos, mostram que os oito principais aplicativos de VPN na Rússia foram baixados quase 80 milhões de vezes na Rússia este ano, apesar dos esforços do governo contra seu uso.