Autoridades dos EUA procuram software chinês invasor que pode afetar operações militares
Microsoft e Casa Branca confirmaram que hackers chineses violaram contas de e-mail de 24 organizações, incluindo agências federais; invasão pode afetar energia, água e comunicações de bases militares americanas
As autoridades americanas estão procurando por malware chinês escondido em vários sistemas de defesa que possam interromper as comunicações militares e as operações de reabastecimento.
A administração acredita que um código de computador malicioso foi escondido dentro de “redes que controlam redes elétricas, sistemas de comunicação e abastecimento de água que alimentam bases militares”.
As informações são do jornal New York Times.
A descoberta aumentou as preocupações de que os hackers possam “interromper as operações militares dos EUA em caso de conflito”, de acordo com o Times. As duas nações estão cada vez mais em desacordo sobre Taiwan, bem como sobre as ações da China no Indo-Pacífico.
Um funcionário do Congresso disse ao jornal que o malware – tipo de software capaz de se infiltrar em dispositivos sem conhecimento dos administradores, causando falhas no sistema ou roubo de dados – era “uma bomba-relógio” que poderia permitir que a China cortasse energia, água e comunicações com bases militares, retardando implantações e operações de reabastecimento.
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Como as bases militares geralmente compartilham a mesma infraestrutura de abastecimento de residências e empresas civis, muitos outros americanos também podem ser afetados, disseram autoridades ao Times.
As revelações de malware ecoam um padrão de violações recentes de hackers da China relatados anteriormente pela CNN.
Na semana passada, a conta de e-mail do embaixador dos EUA na China, Nicholas Burns, foi hackeada, disseram à CNN três autoridades americanas familiarizadas com o assunto.
No início deste mês, a Microsoft e a Casa Branca confirmaram que hackers baseados na China violaram contas de e-mail em duas dúzias de organizações, incluindo algumas agências federais.
O governo de Joe Biden acredita que a operação de hacking – que a Microsoft disse ter sido lançada em meados de maio – deu ao governo chinês informações sobre o planejamento dos EUA antes da viagem do secretário de Estado Antony Blinken a Pequim em junho.
Entre as agências visadas estavam o Departamento de Estado e o Departamento de Comércio, que sancionou empresas de telecomunicações chinesas.
Funcionários dos EUA e analistas da Microsoft inicialmente tiveram problemas para identificar como os hackers entraram nas contas de e-mail, o que deixou claro que eles estavam lidando com uma sofisticada equipe de hackers, disse um funcionário dos EUA à CNN.
As autoridades americanas têm consistentemente rotulado a China como o adversário mais avançado dos EUA no ciberespaço, um domínio que tem sido repetidamente uma fonte de tensão bilateral nos últimos anos. O FBI disse que Pequim tem um programa de hacking maior do que todos os outros governos juntos.
Blinken levantou os incidentes de hacking em uma reunião com um importante diplomata chinês na Indonésia no início deste mês, disse um alto funcionário do Departamento de Estado à CNN, mas o funcionário não quis “entrar nos detalhes” da extensão em que o hack foi levantado.
“Nós sempre deixamos claro que qualquer ação que vise o governo dos EUA, empresas dos EUA, cidadãos americanos é uma grande preocupação para nós e que tomaremos as medidas apropriadas para responsabilizar os responsáveis e o secretário deixou isso claro novamente”, disse o funcionário.
(Sean Lyngaas, da CNN, Kylie Atwood e Jennifer Hansler contribuíram para este texto)