Atas de votação na Venezuela podem nunca ser reveladas, avalia professor
Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM, alerta para possível falta de transparência no processo eleitoral venezuelano
As eleições na Venezuela continuam a gerar controvérsia internacional, com crescentes dúvidas sobre a transparência do processo eleitoral. Em entrevista à CNN, o professor de Relações Internacionais da ESPM Leonardo Trevisan expressou preocupações sobre a possibilidade de as atas das urnas de votação nunca serem reveladas.
Trevisan destacou que o pedido de divulgação das atas é apoiado não apenas pela oposição venezuelana, mas também por grande parte da comunidade internacional, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, o professor questiona quem pode garantir a transparência desse processo eleitoral, considerando que o Conselho Nacional Eleitoral e a Justiça Eleitoral venezuelanos são controlados por aliados do presidente Nicolás Maduro.
Retirada de observadores independentes
A situação se agravou com a retirada dos observadores do Centro Carter, uma organização respeitada internacionalmente. Trevisan enfatizou a importância dessa instituição: “O Carter Center estava, com tudo que ele representa, com todo o passado que tem desde os anos 80, ele era o último bastião para servir de alguma referência”.
O professor alertou que o Instituto Carter declarou que os princípios eleitorais clássicos não foram cumpridos, citando evidências de funcionários públicos e órgãos do governo fazendo publicidade eleitoral indevida. “De fato, não foi uma eleição com os princípios democráticos”, afirmou Trevisan.
Comparação com outros regimes autoritários
Trevisan fez uma análise comparativa com outros regimes autoritários, questionando: “Você conhece alguma eleição que o Partido Comunista Chinês perdeu na China?” Ele argumentou que a situação na Venezuela se assemelha a outros exemplos de estados autoritários que realizam eleições apenas para manter uma fachada de democracia.
O professor concluiu expressando seu temor de que as atas nunca sejam apresentadas, alertando para a possibilidade de que a situação se torne um fato consumado com o passar do tempo. Ele também levantou questões sobre os interesses em jogo na Venezuela que podem estar influenciando as reações internacionais, especialmente a posição dos Estados Unidos.