Ataque do Irã a Israel é reação a assassinatos de lideranças do Hezbollah, diz professor à CNN
Rodrigo Amaral, especialista em Relações Internacionais, diz que ofensiva também é reação à declaração do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que classificou o governo iraniano como "autocrático"
O ataque do Irã a Israel, ocorrido recentemente, marca mais um capítulo na crescente tensão no Oriente Médio.
Segundo o professor de Relações Internacionais da PUC-SP Rodrigo Amaral, essa ação é uma resposta direta ao assassinato de sete lideranças do Hezbollah por Israel, além de uma reação à declaração do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que classificou o governo iraniano como “autocrático”.
O especialista destaca que este é o segundo ataque iraniano a Israel em 2024, comparando-o com o incidente anterior de 31 de abril.
“Naquele momento, o Irã atacou com mais de 250 mísseis, sem causar fatalidades. Eram ataques estratégicos em resposta ao ataque israelense à embaixada iraniana em Damasco”, explica Amaral.
Mudança no cenário regional
O professor ressalta que o cenário atual é diferente do anterior. “Israel estendeu a guerra para dentro do Líbano, com um ataque sem precedentes contra o Hezbollah”, afirma.
Além disso, Amaral menciona o assassinato de lideranças importantes, incluindo membros do Hamas, como fatores que contribuíram para a escalada das tensões.
Sobre o ataque mais recente, Amaral observa: “Calcula-se algo em torno de 180 a 200 mísseis, que até agora também não causaram vítimas diretas em Israel”.
Ele sugere que, assim como no incidente anterior, este pode ser considerado um ‘ataque estratégico’ por parte do Irã, sem a intenção imediata de causar danos significativos a civis.
Racionalidade estratégica e consequências internacionais
“É importante trazer esse ponto de vista, porque é uma perspectiva que busca normalizar o Irã como um estado soberano, ainda que com suas particularidades de regime político”, argumenta o professor.
Ele ressalta que o Irã demonstra uma racionalidade estratégica em seus ataques, mantendo-se dentro das “regras do jogo” do direito internacional.
Amaral conclui alertando para as implicações mais amplas do conflito: “Nós temos que ter em foco a razão do início dessa conflitualidade toda, que é a discussão sobre a autodeterminação da Palestina. Se a gente não tiver isso na mesa, é muito difícil falar sobre a interrupção dessa escalada.”
O especialista enfatiza a gravidade da situação, mencionando as milhares de vidas perdidas no conflito, incluindo “42 mil vidas palestinas em Gaza, mais de duas mil vidas israelenses, e centenas de vítimas libanesas”.
Ele alerta que, sem uma abordagem que considere as questões fundamentais da região, a escalada de violência pode continuar se intensificando.