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    Assassinato de adolescente em público gera indignação na Índia

    A jovem de 16 anos foi espancada e esfaqueada até a morte em um crime chamado de "passional" pela polícia indiana, sem que ningém interviesse; País é o mais perigoso do mundo para mulheres, segundo relatório

    Tara SubramaniamManveena Surida CNN , Nova Deli, Índia

    Nota do editor: esta reportagem contém detalhes sobre as consequências de um crime violento

    Uma menina de 16 anos foi brutalmente esfaqueada e espancada até a morte em um movimentado beco público na capital da Índia no domingo (28), provocando indignação sobre a segurança das mulheres no país e a violência perpetrada por homens.

    O vídeo do crime, que durou mais de um minuto e foi capturado por uma câmera de segurança, mostra várias pessoas andando por perto enquanto o agressor golpeia repetidamente a vítima.

    Apenas um homem aparece tentando intervir. Ele tenta afastar o agressor da vítima antes de recuar rapidamente.

    O corpo da vítima, que não foi identificada, foi encontrado na noite de domingo na área de Shahbad Dairy, no bairro de Rohini, no norte de Deli, onde ocorreu o crime.

    Na tarde de segunda-feira (29), a polícia indiana disse ter prendido um suspeito chamado Sahil, em conexão com o assassinato.

    Sahil é mecânico e foi detido em Bulandshahr, no estado vizinho de Uttar Pradesh, disse Ravi Kumar Singh, vice-comissário de polícia para Outer Deli, a repórteres na segunda-feira.

    O comissário especial da polícia de Deli, Deependra Pathak, disse ao canal de notícias indiano Times Now que a investigação inicial apontou para o chamado “crime passional”.

    “Vi que minha filha estava deitada no chão, com o rosto no chão”, disse o pai da menina, Janak Raj, à CNN. “Seus órgãos saíram e a cabeça foi esmagada. Ela ficou lá sem vida. Não fazia sentido levá-la ao hospital”.

    “Me irrita saber que ninguém ajudou minha filha”, acrescentou. “Se eles a tivessem ajudado, ela estaria viva hoje. Também ouvi dizer que os espectadores estavam ocupados gravando vídeos. Mesmo se eles tivessem gritado, isso teria ajudado minha filha”.

    Raj disse que sua filha ajudava nas finanças da família dando aulas particulares. “Não me sinto vivo hoje”, disse ele em meio às lágrimas. “Sinto tanto a falta dela. Ela era uma criança tão boa. O que eu vou fazer?”.

    Corpo da vítima, que não foi identificada, foi encontrado na área de Shahbad Dairy, onde ocorreu o crime / Reprodução CNN

    O crime é o mais recente de uma longa série de assassinatos e estupros que provocaram revolta sobre se o suficiente está sendo feito para proteger as mulheres na Índia e punir os agressores.

    “Uma menor de idade é brutalmente assassinada em público em Deli”, escreveu o ministro-chefe de Deli, Arvind Kejriwal, no Twitter. “Isso é muito triste e lamentável. Os criminosos se tornaram destemidos e não há mais medo da polícia”.

    “A segurança do povo de Deli é de suma importância”, acrescentou.

    Swati Maliwal, presidente da Deli Commision for Women, disse à ANI que nunca viu um incidente tão assustador. “Deli tornou-se extremamente insegura para mulheres e meninas”, acrescentou.

    A Índia luta há muito tempo para lidar com a violência de gênero. Uma pesquisa da Fundação Thomson Reuters de 2018 com especialistas em questões femininas classificou o país como o lugar mais perigoso do mundo para as mulheres.

    A frequência de crimes contra mulheres na Índia também parece estar aumentando. De acordo com dados do National Crime Records Bureau da Índia, os crimes contra as mulheres foram 20% maiores em 2020 em comparação com 2013 – o último ano antes de o Partido Bharatiya Janata (BJP) chegar ao poder.

    Ativistas dizem que as estatísticas reais provavelmente são apenas a ponta do iceberg, uma vez que muitas formas de violência contra as mulheres, como estupro, muitas vezes são subnotificadas.

    Yogita Bhayana, fundador do People Against Rapes na Índia, disse que o problema está amplamente enraizado nas antigas normas sociais.

    “Aprendemos a conviver com esse tipo de situação em nosso país, o que é muito lamentável”, disse Bhayana à CNN. “O tecido patriarcal básico está totalmente podre e agora precisamos consertar isso”.

    “Colocar câmeras e vigias não será suficiente”, acrescentou. “O trabalho tem que ser feito na mentalidade dos homens e dos meninos”.

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