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    Artista argentino usa inteligência artificial para buscar bebês desaparecidos na ditadura

    Com o uso da ferramenta MidJourney e combinando as fotos das mães e dos pais desaparecidos, Santiago Barros recria no seu projeto como seriam os rostos dos seus filhos 40 anos depois

    Santiago Barros, artista argentino
    Santiago Barros, artista argentino 24/07/2023REUTERS/Agustin Marcarian

    Candelaria Grimbergda Reuters

    Um artista argentino criou um projeto no Instagram que recria como seriam bebês apropriados pelos militares durante a última ditadura no país, que acabou há 40 anos.

    O projeto do artista Santiago Barros usa inteligência artificial para imaginar como seriam hoje os filhos dos desaparecidos durante a ditadura militar argentina, que aconteceu de 1976 a 1983.

    A organização humanitária “Avós da Plaza de Mayo”, que localizou 132 netos, agradeceu a iniciativa, mas esclareceu ser um projeto artístico, que não oferece uma ferramenta precisa para identificar os filhos dos desaparecidos, e que o teste de DNA continua sendo o método oficial.

    Com o uso da ferramenta MidJourney e combinando as fotos das mães e dos pais desaparecidos obtidas no arquivo público do site Abuelas, Barros recria no seu projeto como seriam os rostos dos seus filhos 40 anos depois.

    “Me pareceu que precisava imaginar esses netos como adultos, que já têm rugas e cabelos grisalhos”, disse Barros à Reuters sobre os filhos de alguns dos desaparecidos.

    Para cada combinação de rostos, o aplicativo mostra uma possibilidade feminina e outra masculina, atendendo aos pedidos de Barros para torná-la o mais realista possível.

    Apesar de muitas imagens terem surpreendido familiares que procuram irmãos, netos ou primos pela semelhança física, o idealizador do projeto ressalta que não é um método preciso.

    “É o resultado de múltiplas possibilidades ao combinar duas faces. Não substitui as amostras de DNA nem nenhum dos métodos”, afirmou.

    Para a organização “Avós da Plaza de Mayo”, que lutam para localizar os centenas de netos que foram sequestrados com seus pais ou nasceram em cativeiro de suas mães grávidas durante a ditadura, a falta de precisão nos resultados faz com que não possam utilizá-los como método de busca.

    “Nós agradecemos cada ato de solidariedade para acompanhar a busca, mas acreditamos que é importante ressaltar que esta iniciativa não é científica, mas artístico-lúdica”, disse a organização humanitária em comunicado.

    “Até agora, o único método infalível para vincular um neto ou neta à sua família de origem é através do cruzamento genético no Banco Nacional de Dados Genéticos (BNDG). Por isso, insistimos que esta conta do IG impressiona pelos rostos que cria, mas que, no entanto, carece de precisão em seus resultados”, esclareceu.