Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Arqueólogos mexicanos identificam navio naufragado que levava escravos maias

    Embarcação carregava de 25 a 20 homens e mulheres maias por mês do México até Cuba, onde eram vendidos e submetidos à escravidão

    Navio foi encontrado em 2017, mas confirmação de que transportava maias só aconteceu em 2020.
    Navio foi encontrado em 2017, mas confirmação de que transportava maias só aconteceu em 2020. Foto: Mexico's National Institute of Archaeology and History/Reuters

    Alaa Elassar, da CNN

    Arqueólogos mexicanos confirmaram que um navio naufragado, descoberto em 2017 na costa da península de Yucatán, no México, chegou a carregar homens e mulheres maias capturados, que foram posteriormente vendidos como escravos.

    É o primeiro navio escravagista maia a ser descoberto no mundo, segundo o Instituto Nacional de Antropologia e História do México (INAH), que anunciou o resultado da pesquisa na última semana.

    Trata-se de um barco a vapor com rodas de pás conhecido como “La Unión”. A embarcação foi encontrada há três anos por arqueólogos no Golfo do México, a duas milhas náuticas (3,7 km) da cidade portuária de Sisal. Foi necessário esse tempo de pesquisas, para confirmar que se tratava de um navio que transportava a população maia rumo à escravidão.

    Leia mais:

    Arqueólogos encontram vestígios mais antigos da história indígena em Salvador

    Pesquisadores do RS identificam ancestral de dinossauro de 350 milhões de anos

    Segundo o INAH, o La Unión capturou e transportou ilegalmente cerca de 25 a 30 maias por mês do México a Cuba, onde eram forçados a trabalhar nos canaviais entre os anos de 1855 e 1861, período marcado pela rebelião conhecida como Guerra de Casta.

    “Cada escravo era vendido a comerciantes intermediários por 25 pesos e, em seguida eram revendidos em Havana por até 160 pesos, se fossem homens, e 120 pesos, se fossem mulheres”, disse a arqueóloga do INAH, Helena Barba Meinecke.

    O navio afundou em 19 de setembro de 1861, enquanto navegava rumo a Cuba. O barco é uma prova de que a escravidão continuou existindo mesmo depois de sua abolição oficial no México em 1829, quando foi promulgado um decreto que proibia a extração forçada dos povos maias de seu território.

    “Para pesquisadores, a descoberta é muito relevante”, pontuou o anúncio do INAH. “Além da dificuldade de identificar um naufrágio pelo nome, [a descoberta] também fala de um passado sinistro do México, que deve ser reconhecido e estudado em termos de contexto e tempo.”

    Embarcação foi encontrada nas águas da cidade portuária de Sisal
    Embarcação foi encontrada nas águas da cidade portuária de Sisal, na península de Yucatán.
    Foto: Helena Barba/INAH via AP

    Arqueólogos confirmaram a identidade do navio pelas caldeiras, que explodiram e deram início a um incêndio, bem como pelo casco lateral de madeira, que havia sido preservado.

    Os pesquisadores também encontraram artefatos, incluindo fragmentos de vidros de garrafas, cerâmicas e oito talheres de latão usados pelos passageiros da primeira classe a bordo.

    O acidente matou metade dos 80 tripulantes e 60 passageiros a bordo. Não se sabe quantos dos mortos eram maias sequestrados, já que ficavam listados como carga e mercadoria, e não como passageiros.

    Os maias foram uma civilização mesoamericana que floresceu em todo o México e na América Central de 2000 a.C. até a época dos conquistadores espanhóis.

    Tópicos

    Tópicos