Argentina tem mais de 700 voos cancelados em segunda greve geral contra Milei
Pelo menos 31 voos entre o Brasil e a Argentina foram cancelados
Mais de 700 voos que partiriam ou chegariam a aeroportos argentinos nesta quinta-feira (9) foram cancelados, devido à segunda greve geral promovida por sindicalistas argentinos em cinco meses do governo de Javier Milei.
Devido à adesão de pilotos e trabalhadores aeronáuticos à greve, somente no Aeroporto Internacional Ministro Pistarini, em Ezeiza, e no Aeroparque Jorge Newberry, em Buenos Aires, quase 400 voos foram cancelados e 55 mil passageiros afetados, segundo a administradora Aeropuertos Argentina 2000.
Pelo menos 31 voos entre o Brasil e a Argentina que seriam realizados nesta quinta-feira (9) foram cancelados. A Gol informou o cancelamento de todos os seus voos de ou para os aeroportos de Buenos Aires, Córdoba, Mendoza e Rosário. Pelo menos oito voos da empresa entre o Brasil e a Argentina foram cancelados.
Segundo a Gol, para atender clientes afetados, foram criadas operações extras para esta sexta-feira (10). Clientes com passagem para os voos cancelados poderão realizar alteração sem custos ou solicitar o reembolso integral do valor da passagem, segundo a companhia.
O grupo Latam também informou o cancelamento de toda a sua operação de e para aeroportos argentinos. Pelo menos dez voos da empresa entre o Brasil e a Argentina foram cancelados.
A empresa afirma que está oferecendo alternativas para os passageiros afetados. Mudanças nas passagens podem ser feitas sem custos para até 7 dias depois da data original e reembolsos podem ser efetuados para todos os bilhetes não utilizados.
Já a Aerolíneas Argentinas cancelou 191 voos nacionais e internacionais. Pelo menos 10 cancelamentos são de voos que partiriam ou chegariam do Brasil.
Segundo a companhia estatal, a medida afeta cerca de 24 mil passageiros, sendo 3 mil de voos internacionais, gerando um custo de US$2 milhões. A empresa informa que não terá atendimento presencial de funcionários da Aerolíneas Argentinas nem nos aeroportos nem em suas sucursais por causa da greve.
A Jet Smart também cancelou todos os seus voos domésticos e internacionais, entre eles os previstos de e para o Brasil. As alterações de passagem poderão ser realizadas sem custo, de acordo com disponibilidade. Clientes também podem solicitar a devolução do valor da passagem.
A Flybondi, por sua vez, informou que transferiu suas operações do Aeroparque Jorge Newbery para o Aeroporto Internacional de Ezeiza, onde tem serviço próprio de rampa, e conseguirá manter seus voos previstos para esta quinta com o Rio de Janeiro e São Paulo.
Greve geral
A greve geral de 24 horas desta quinta é a segunda “medida de força” de sindicalistas contra o governo de Javier Milei em apenas cinco meses. A primeira foi em 24 de janeiro, quando houve uma greve nacional de 12 horas, que também paralisou quase a totalidade do setor aeronáutico do país.
Agora, a convocação foi feita pelos sindicalistas em resistência ao megaprojeto de lei de Javier Milei, que promove reformas na administração pública e modifica diversas legislações do país. A lei também declara emergência pública administrativa, econômica, financeira, energética e dá ao presidente poderes legislativos para governar nestas áreas.
O texto foi aprovado pela Câmara de Deputados e deve ser votado pelo Senado na semana que vem. Se aprovado, permitirá ao governo dissolver organismos públicos, privatizar parte das estatais, entre elas a companhia Aerolíneas Argentinas. A lei também libera a importação e exportação de hidrocarbonetos, e reforma a legislação trabalhista.
Por causa da greve desta quinta, trens e o metrô que atendem Buenos Aires estão paralisados. A maior parte da frota de ônibus da capital deixou de circular. Bancos também não operam e, pela falta de transporte, muitos estabelecimentos comerciais estão fechados.