Após golpe no Mali, soldados prometem eleição em tempo ‘razoável’
Presidente renunciou e dissolveu parlamento sob ponta de arma nesta terça (18)
Os soldados que expulsaram o presidente do Mali por meio de um golpe prometeram, nesta quarta-feira (19), que o país terá eleições dentro de um tempo “razoável” e se moveram rapidamente para uma união com um dos mais influentes mediadores políticos da nação no oeste africano.
O presidente Ibrahim Boubacar Keita renunciou e dissolveu o parlamento nessa terça (18), após ser preso por amotinados armados. A situação balançou ainda mais um país que está sob o controle de uma insurgência jihadista e assombrado por protestos de civis.
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Os amotinados negaram relatos de mortes no levante de terça, mas a Anistia Internacional disse ter registrado quatro fatalidades, além de 15 feridos por balas.
Temendo que a queda de Keita depois de sete anos no poder pudesse desestabilizar a região do Sahel, a União Africana e a Comunidade Econômica dos Estados do Oeste Africano suspenderam o Mali.
Conforme investidores vendiam ações nas companhias de mineração de ouro do país, o clima na capital Bamako era calmo ao longo do dia e os líderes da junta encorajavam a população e autoridades a voltarem à normalidade.
Os militares se encontraram na tarde desta quarta com Mahmoud Dicko, um pastor salafista que eletrificou manifestantes durante protestos anti-Keita nas últimas semanas, que reuniram dezenas de milhares de pessoas, disse um porta-voz de Dicko.
Dicko é uma figura política importante, cujo apoio foi visto como crucial para a eleição de Keita em 2013, antes que este perdesse o apoio do pastor.
Um porta-voz dos amotinados, que se denominou Comitê Nacional pela Salvação do Povo, disse mais cedo que eles agiram para prevenir mais “caos, anarquia e insegurança”.
“Não temos sede pelo poder, mas temos sede pela estabilidade do país, que vai nos permitir organizar eleições gerais dentro de um limite de tempo razoável”, disse o coronel Ismael Wague na televisão estatal.
Uma fonte na área de segurança do Mali identificou três dos outros líderes que apareceram ao lado de Wague como os coronéis Sadio Camara, Malick Diaw e Modibo Kone.
Wague descreveu exércitos de nações vizinhas, a força anti-jihadista da França Barkane e a missão de paz da ONU no país como “parceiros para estabilidade e restauração da segurança”.
O Conselho de Segurança da ONU condenou o motim e pediu que os soldados libertassem todos os funcionários do governo e voltassem à caserna. Antes, o ministro do Exterior da França Jean-Yves Le Drian pediu pela liberação de Keita e a restauração do poder civil.