Após encontro, Putin diz que não há hostilidade entre Estados Unidos e a Rússia
Primeira reunião entre presidentes terminou após pouco mais de três horas, menos do que os auxiliares previam
Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Rússia, Vladimir Putin, se reuniram nesta quarta-feira (16) em Genebra na Suíça. O encontro durou pouco mais de três horas, com 45 minutos de intervalo, menos do que os auxiliares haviam previsto. Em entrevista coletiva, Putin disse não haver hostilidade entre os países e que as conversas foram “construtivas”.
“Em relação à avaliação geral, não há hostilidade entre os países. Nosso encontro teve um espírito construtivo, fizemos avaliações corretas em várias questões e ambos os lados expressaram a intenção de entender um ao outro e buscar pontos em comum que sejam construtivos”, declarou.
Os presidentes falarão separadamente. Biden deve se manifestar em breve.
O presidente russo também disse ter concordado com o norte-americano em reenviar os embaixadores de ambos os países.
Em abril, o embaixador dos EUA na Rússia, John Sullivan, deixou Moscou após o Kremlin sugerir que ele voltasse ao país dele para consultas. Antes, o embaixador russo em Washington, Anatoly Antonov, foi chamado de volta após Biden chamar Putin de “assassino”.
Na coletiva, o presidente russo disse estar satisfeito com as explicações dadas pelo presidente americano sobre esse comentário.
Ele também afirmou ter discutido direitos humanos com Biden e que o opositor do Kremlin, Alexei Navalny, sabia que desrespeitou a lei e que seria preso ao retornar à Rússia em janeiro deste ano, mas que decidiu voltar mesmo assim.
Cibersegurança
Putin disse que a Rússia “acredita na importância da cibersegurança” e que estão investigando os ataques feitos aos EUA, mas que o país não está na lista de origens prováveis dos ataques, citando os próprios EUA, o Canadá e a América Latina.
“Ambos os lados têm de assumir certas obrigações sobre isso”, declarou, acrescentando que o país dele enviou informações exaustivas aos EUA, mas que não recebeu nenhuma resposta.
A Rússia foi apontada pela inteligência norte-americana como fonte de dois grandes ataques hackers nos últimos meses, o da SolarWinds, que atingiu órgãos governamentais, e o da Colonial Pipeline, que deixou parte da Costa Leste sem combustível em maio deste ano.
Ucrânia
Putin declarou que a Ucrânia também foi assunto da reunião. Sobre o país vizinho se juntar à Otan, ele disse: “Não acredito ter nada a discutir aí”.
No começo de junho, Biden disse que defenderia a “soberania e a integridade territorial da Ucrânia”, enquanto tropas russas se movimentavam para a fronteira leste, onde soldados ucranianos estão em conflito com separatistas apoiados por Moscou.
Troca de farpas
O presidente russo disse que Biden é “equilibrado e muito experiente”, que falou sobre a família dele durante as conversas, o que mostra os “valores morais” do presidente norte-americano.
“Falamos a mesma língua. Certamente, não se aplica dizer que nos olhamos nos olhos e dissemos se havia uma alma ali. Essencialmente, os diálogos foram pragmáticos”, declarou Putin.
Em 2011, quando era vice de Barack Obama, Biden disse ter dito a Putin “não achar que ele tivesse alma”.
Resultados
Auxiliares haviam diminuído as expectativas em relação à cúpula. “Não estamos esperando que um grande conjunto de resultados saia desta reunião”, disse um funcionário sênior do governo norte-americano a repórteres.
“Não tenho certeza que quaisquer acordos serão atingidos”, disse o conselheiro de políticas internacionais de Putin, Yuri Ushakov.
A reunião acabou às 12h05, no horário de Brasília e, ao sair do local, Biden fez um sinal de ‘positivo’ antes de entrar no carro.
As relações entre Moscou e Washington vêm se deteriorando há anos, notavelmente com a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, a intervenção de 2015 na Síria, e as acusações dos EUA – que Moscou nega – de interferir na eleição de 2016 que levou Donald Trump à Casa Branca.
(*Com informações da Reuters e da CNN Internacional)