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    Após 400 anos, castores voltam a viver em florestas da Inglaterra

    Animal chegou a ser extinto na Grã-Bretanha, mas foi reintroduzido na natureza por meio de iniciativa de instituição de caridade

    Ed Scott-Clarke, da CNN

    Entre as curvas tranquilas do rio Otter em Devon, Inglaterra, algo de notável acontece. Após uma ausência de 400 anos, os castores voltaram a vagar pela natureza. 

    Centenas de anos atrás, as populações desses animais sofreram por conta da caça. Os chapéus feitos com a pele do roedor eram o auge da moda masculina na Europa e a procura era tão grande que o número de castores foi dizimado, sendo extinto na Grã-Bretanha. 

    Seu retorno ao sudoeste da Inglaterra deve-se à instituição de caridade Devon Wildlife Trust, cujo objetivo é preservar a vida selvagem. Há uma década, ela começou um teste no qual libertou um par de castores cativos em um local fechado de três hectares no oeste de Devon. Depois de um tempo, eles haviam modificado a paisagem radicalmente de forma positiva. 

    “Queríamos ver se os castores ajudariam a inclinar a balança a favor dos habitats abertos, que são tão importantes para muitas borboletas e flores silvestre e toda uma gama de espécies”, disse Mark Elliott, um dos ecologistas do fundo. 

    Os castores constroem represas para se proteger. Ao elevar o nível da água, o roedor cria uma área alagada que lhe permite escapar de predadores, como ursos, lobos e linces. A casca das árvores que eles derrubam é a principal fonte de alimento. 

    “Quando os colocamos aqui, em 2010, e começamos a ver o que eles faziam com o curso de água, foi muito, muito interessante”, disse Elliott. “Todos nós, de repente, nos tornamos muito mais conscientes de como esse animal era poderoso.” 

    A paisagem úmida resultante do trabalho dos castores é considerada ótima para a biodiversidade e os estoques de peixes, a também é capaz de reduzir a poluição ao filtrar a água contaminada por esterco e fertilizantes. 

    As barragens que eles criam também regulam o fluxo de água, evitando enchentes em épocas de chuvas fortes e secas em períodos de seca. Isso pode tornar esses animais uma ferramenta improvável para ajudar a combater os efeitos da crise climática, que deve trazer verões mais secos e invernos mais úmidos no Reino Unido. 

    Um estudo recente sobre castores na Inglaterra mostrou que as represas feitas por eles podem reduzir a média das enchentes em até 60%. 

    De volta à selva 

    Em 2014, um casal reprodutor de castores selvagens de origem desconhecida foi descoberto no rio Lontra. Um ano depois, o governo concedeu ao fundouma licença para executar o projeto River Otter Beaver Trial – a primeira legalmente autorizada para reintroduzir na natureza um mamífero nativo extinto na Inglaterra. 

    A pesquisa terminou no fim de 2020. Foi considerada um sucesso tão grande que o governo permitiu que os castores, que agora somam 15 grupos familiares espalhados por 15 territórios, permanecessem na natureza. 

    Um estudo da Universidade de Exeter sobre o ensaio encontrou 37% mais peixes nos tanques criados por barragens de castores do que em outras partes do rio, e concluiu que anfíbios, aves selvagens e ratos d’água se beneficiaram com a presença deles. 

    Também foi observado que as barragens reduziram o risco de inundações para uma comunidade local vulnerável e removeram poluentes de rios e riachos. 

    Prejuízos 

    Outros, porém, são menos positivos em relação ao retorno do animal. A União Nacional de Agricultores da Grã-Bretanha expressou preocupação de que a atividade dos castores pudesse prejudicar as margens dos rios e deixar terras agrícolas alagadas. 

    O estudo do River Otter descobriu que os castores criaram problemas para alguns fazendeiros locais e proprietários, observando que “a redução do risco de enchentes nas comunidades a jusante pode ter um custo de armazenamento de água nas fazendas rio acima”. Mas acrescentou que essas questões poderiam ser gerenciadas “de forma direta com apoio e intervenção adequados”. 

    Existem vários outros testes com castores em andamento na Inglaterra e no País de Gales, e o animal foi reintroduzido na natureza na Escócia em 2009. Mas a Inglaterra está atrás de muitos países europeus na conservação do animal. Na virada do século 20, a espécie somava pouco mais de mil em toda a Europa. Esse número está bem acima de 1 milhão hoje. 

    “Nenhum de nós percebeu o significado do animal que estávamos tratando”, diz Elliott. “A oportunidade de trazê-los de volta é incrível.” 

    (Texto traduzido, leia o original em inglês)

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