Apesar da pandemia, níveis de gases do efeito estufa continuaram subindo em 2020
A quantidade média de dióxido de carbono (CO2) na superfície da Terra foi de 412,5 ppm (partes por milhão) em 2020; é o quinto maior aumento, segundo estudo
![Poluição em área urbana Poluição em área urbana](https://preprod.cnnbrasil.com.br/wp-content/uploads/sites/12/2021/06/20747_C1C368F1A58DDD74-2.jpg?w=1220&h=674&crop=1)
Apesar da pandemia do novo coronavírus ter imposto lockdown e medidas de restrição que impactaram diretamente na economia mundial, os níveis de emissão de gases do efeito estufa continuaram aumentando ao longo de 2020, segundo a Agência de Administração Oceânica e Atmosférica (Noaa, na sigla em inglês), dos Estados Unidos.
De acordo com a agência, a quantidade média de dióxido de carbono (CO2) na superfície da Terra foi de 412,5 ppm (partes por milhão) em 2020, um aumento de 2,6 ppm no ano. Este é o quinto maior aumento anual, de acordo com os registros da Noaa, depois de 1987, 1998, 2015 e 2016. A média anual foi de 414,4 ppm durante o ano passado.
A desaceleração da economia, no entanto, impediu que o aumento de CO2 fosse recorde. Segundo o estudo, a recessão econômica foi responsável por reduzir as emissões de carbono em cerca de 7% – sem a desacelaração, o aumento de 2020 teria sido o maior já registrado, de acordo com Pieter Tans, cientista-sênior do Laboratório de Monitoramento Global da Noaa.
Desde 2000, a média global de CO2 cresceu 43,5 ppm, um aumento de 12%. Para o vice-diretor assistente do laboratório, Colm Sweeney, “a atividade humana está impulsionando a mudança climática”.
“Se quisermos mitigar os piores impactos, teremos um foco deliberado na redução das emissões de combustíveis fósseis a quase zero e, mesmo assim, precisaremos procurar maneiras de remover ainda mais os gases do efeito estufa da atmosfera”, relatou o pesquisador no estudo.
Níveis de metano na atmosfera são os maiores já registrados
Uma análise preliminar da agência também mostrou que o aumento anual de metano na atmosfera foi de 14,7 partes por bilhão (ppb) em 2020 – o maior aumento anual registrado desde que as medições começaram em 1983.
“A carga média global de metano para dezembro de 2020, o último mês para o qual dados foram analisados, era 1892,3 ppb. Isso representaria um aumento de cerca de 119 ppb, ou 6%, desde 2000”, diz o estudo.
O metano na atmosfera é gerado por diversas fontes, como desenvolvimento e uso de combustível fóssil, pecuária e decomposição de matéria orgânica em pântanos. Para os pesquisadores, é difícil determinar quais fontes específicas são as responsáveis pelo aumento anual.
No entanto, uma análise preliminar indica que é provável que o fator primário do aumento da carga de metano venha de fontes biológicas do gás, como pântanos ou a criação de gado – e não de fontes termogênicas, como produção e uso de petróleo.
“Embora o aumento das emissões de fósseis possa não ser totalmente responsável pelo recente crescimento dos níveis de metano, a redução das emissões de metano fóssil é um passo importante para mitigar a mudança climática”, relatou o químico Ed Dlugokencky, no estudo.