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    Aos 101 anos, veterano norte-americano vai à França para 80º aniversário do Dia D

    Jake Larson faz sucesso com histórias do conflito em uma conta no TikTok, criada pela neta, e acumula mais de 800 mil seguidores na plataforma

    Jake Larson, um veterano de 101 anos da Segunda Guerra Mundial que participou do Dia D, dá entrevista à Reuters
    Jake Larson, um veterano de 101 anos da Segunda Guerra Mundial que participou do Dia D, dá entrevista à Reuters 20/04/2024REUTERS/Dylan Bouscher

    Nathan Frandinoda Reuters

    em Martinez, na Califórnia

    Jake Larson, veterano do Exército dos EUA na Segunda Guerra Mundial, tem 101 anos e é um sobrevivente do Dia D, a maior invasão anfíbia da história, em 6 de junho de 1944, e está indo para a França no 80º aniversário para homenagear os colegas que não conseguiram voltar para casa.

    Sentado em sua casa em Martinez, Califórnia, ao lado de fotos e lembranças de seus anos na Guarda Nacional e no Exército dos EUA, Larson consegue se lembrar de cada momento do dia em que desembarcou na praia de Omaha no Dia D e se autodenomina “o último homem”.

    Ele carregava 34 kg de equipamento em sua mochila, as ondas balançavam as embarcações de desembarque para cima e para baixo a 1,2 metro de altura, os alemães disparavam projéteis de 35,5 cm por cima e armas de pequeno porte das dunas.

    “Passei por aquele campo minado, onde muitos foram mortos. Não só pelas minas, mas também pelo fogo de armas pequenas. E todos eles estão lá em cima. Aqueles caras ali, aqueles ali são os que merecem reconhecimento. E estou aqui para garantir que isso aconteça. Eu honro esses caras”, disse ele à Reuters.

    Larson, que atende pelo nome de “Papa Jake”, está entre um número cada vez menor de veteranos da Segunda Guerra Mundial que retornarão em junho para marcar o aniversário da invasão aliada, quando mais de 150.000 soldados aliados invadiram a França para expulsar as forças da Alemanha nazista lideradas por Adolf Hitler.

    Larson usa uma jaqueta preta com a inscrição “WWII Survivor” (Sobrevivente da Segunda Guerra Mundial) e as seis batalhas na Europa às quais ele sobreviveu, incluindo a Batalha das Ardenas.

    Nascido no Estado norte-americano de Minnesota, Larson entrou para a Guarda Nacional quando era adolescente, antes de a Guarda ser convocada no início da Segunda Guerra Mundial. Depois de chegar a Londonderry, na Irlanda do Norte, ele foi transferido para o V Corpo do Exército.

    Foi no V Corpo que ele foi designado para a invasão do Dia D.

    Em 6 de junho, depois de horas circulando nas águas, ele e sua unidade receberam a notícia. Um a um, eles pularam nas águas frias do Canal da Mancha. Entrando na água até o pescoço, segurando seu rifle por cima, ele conseguiu chegar à praia.

    Por fim, encontrou uma pequena berma de pedra com espaço suficiente para se proteger. Ele tirou um cigarro de sua mochila à prova d’água, mas os fósforos estavam encharcados.

    “Senti que alguém estava à minha esquerda. Então gritei: ‘ei, amigo, você tem um fósforo?’ Não obtive resposta”, disse Larson. “Então olhei para trás. Havia um cara deitado. E não havia nenhuma cabeça sob o capacete. Foi como mágica. Eu estava ouvindo a alma daquele cara me dizer: ‘Levante-se e corra agora mesmo’ e foi o que fiz.”

    Ele se lembra dessa história e de muitas outras até hoje. E agora ele está compartilhando essas histórias no TikTok, graças à sua neta que criou a conta para ele durante a pandemia.

    Com o nome de usuário @StoryTimeWithPapaJake, ele acumulou mais de 800.000 seguidores, com 8,7 milhões de curtidas, e até recebeu cartas de fãs pelo correio.

    “Não dá para acreditar no que as pessoas dizem: ‘Obrigado, obrigado, Jake’. Sou uma pessoa muito positiva e mostro isso quando estou falando e eles dizem: ‘Você mudou nossas vidas’. É uma honra para mim ouvir algo assim. Isso me faz continuar”, disse ele.

    “As pessoas me agradecem por ser um herói”, disse Larson. “Estou aqui para lhes dizer que não sou um herói.”