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    Antes de viagem de Bolsonaro, Argentina já era porta de entrada dos russos na região

    Venezuela já cumpria papel de abrigar influência da Rússia na América Latina, mas isolamento político do regime venezuelano diminui o alcance dessa projeção de Moscou

    Lourival Sant'Annada CNN

    A viagem do presidente Jair Bolsonaro a Moscou coincide com a intensificação das relações militares da Argentina com a Rússia e a China. No encontro com o presidente russo Vladimir Putin na semana passada, o argentino Alberto Fernández ofereceu a Argentina como “porta de entrada para a América Latina”.

    Claro que a Venezuela já cumpre esse papel há muitos anos, com treinamento de militares e a aquisição de cerca de US$ 9 bilhões em armamento, incluindo 100 mil fuzis AK-103 e uma nova fábrica da Kalashnikov, caças de última geração Su-30 MK2, baterias de defesa aérea e veículos blindados. Mas o isolamento político do regime venezuelano diminui o alcance dessa projeção russa.

    No dia 8 de dezembro, chegaram à Argentina 4 navios militares de fabricação russa com capacidade para navegação em mares com gelo.

    Dois dias depois, os ministros da Defesa da Argentina, Jorge Taiana, e da Rússia, Sergei Shoigu, firmaram em Moscou acordo para capacitação de militares argentinos.

    “Este é um convênio para facilitar a capacitação e o treinamento de nossos oficiais e suboficiais em instituições militares da Rússia, e é um passo que permitirá um maior relacionamento entre ambas as Forças Armadas”, celebrou Taiana.

    Além disso, a Rússia se mira na presença chinesa na Argentina, e apresenta uma lista de compras (ou de vendas) parecida. A Argentina só estava esperando assinar a rolagem de sua dívida de US$ 44,5 bilhões com o Fundo Monetário Internacional para fechar com a China a construção de sua quarta usina nuclear, no valor de US$ 8,3 bilhões. A Rússia também queria vender usinas para a Argentina.

    A China tem uma base espacial em Neuquén, na Patagônia, que pode ser usada para monitorar satélites americanos. Há muitos anos os chineses exercitam disparar mísseis contra satélites desativados em órbita, e essa é uma opção em caso de um conflito armado com os Estados Unidos: desconectar sistemas de comunicação e de geolocalização, incluindo o GPS, usado pelos aplicativos no Ocidente. A Rússia também quer uma base assim.

    A China está interessada em construir e possivelmente operar uma “base logística” antártica em Ushuaia, no extremo sul da Argentina. Os russos também querem ter um porto na Argentina para uso militar.

    Fernández voou de Moscou para Pequim, onde se reuniu no domingo com o presidente Xi Jinping. A principal preocupação do Brasil, do ponto de vista comercial militar, reside nas tratativas para a compra, pelos argentinos, dos veículos blindados chineses 8×8 Norinco. Eles concorrem com o brasileiro Guarani, que a Argentina compra do Brasil.

    Os chineses têm oferecido também o caça JF-17, embora militares brasileiros acreditem que a Argentina não tenha dinheiro para isso.

    De qualquer forma, os EUA têm se movimentado para oferecer uma alternativa e vender caças F16 à Argentina. Isso contraria os interesses do aliado mais fiel dos Estados Unidos, o Reino Unido, que disputa as Ilhas Malvinas (ou Falklands) com a Argentina. Mas fazer frente à influência chinesa é a prioridade número 1 dos EUA.

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