Análise: Meghan chegou à Nigéria como duquesa e partiu como princesa africana
Tanto para a Nigéria como para Meghan e Harry, a visita teve um peso significativo
O duque e a duquesa de Sussex embarcaram em uma visita – oficialmente denominada como privada – de três dias à Nigéria, mas que se desdobrou com toda a pompa e atenção normalmente reservadas às viagens reais.
No primeiro dia, foram recebidos com uma calorosa recepção, completa com tapete vermelho e dançarinos culturais, depois de chegarem a Abuja, capital nigeriana, onde deram início a uma cúpula de saúde mental na Lightway Academy que durou vários dias.
Lá, eles também lançaram uma parceria entre sua Fundação Archewell e a Fundação GEANCO para fornecer material escolar e produtos menstruais aos alunos.
O casal havia sido convidado à nação da África Ocidental pelo mais alto oficial militar do país, Christopher Musa, Chefe do Estado-Maior de Defesa da Nigéria. Após se reunirem com ele no Quartel-General de Defesa da Nigéria, Meghan assinou um livro de visitas onde agradeceu aos funcionários por “me receberem em casa”.
Apesar da natureza privada da visita, o itinerário do casal se parecia com turnês oficiais anteriores que realizaram antes de se retirarem como membros da realeza em 2020.
Foram calorosamente recebidos em todos os lugares que visitaram, e os nigerianos demonstraram sua famosa hospitalidade. O casal recebeu uma chuva de presentes, incluindo um retrato comovente de um jovem Harry com sua mãe, a princesa Diana.
Tanto para a Nigéria como para Meghan e Harry, a visita teve um peso significativo.
Foi uma oportunidade para a Nigéria demonstrar a sua capacidade de receber convidados de tão alto perfil e dissipar qualquer dúvida levantada pelos céticos, especialmente considerando a posição do país aos olhos do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido como um dos países mais perigosos para se visitar no mundo.
A Nigéria enfrenta problemas de segurança com uma insurgência terrorista no nordeste e noroeste. No entanto, é um país enorme (maior do que o estado do Texas) e as outras áreas visitadas pelo casal real nos últimos dias são relativamente seguras.
Entretanto, para Harry e Meghan, essa marcou sua primeira importante viagem à África desde que renunciaram aos seus deveres reais oficiais.
Foi uma oportunidade para eles se envolverem em uma ofensiva tanto de corações quanto de mentes, que realizaram com tranquilidade.
Meghan, em particular, concordou em explorar sua ascendência nigeriana depois de ter descoberto por meio de um teste genealógico feito há vários anos que é 43% nigeriana.
No sábado, ela foi coanfitriã de um evento de liderança feminina com Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, para cerca de 50 mulheres de destaque de toda a sociedade, política, negócios, mídia e cultura nigeriana.
Durante uma mesa redonda, moderada pelo magnata da mídia nigeriano Mo Abudu, a duquesa falou apaixonadamente sobre como descobriu suas raízes nigerianas e sua importância para sua própria identidade.
Descreveu a Nigéria como “meu país” e acrescentou que “parte de ser afro-americana é não saber muito sobre sua linhagem ou seus antecedentes, nem de onde vem especificamente. E foi emocionante (…) descobrir mais e entender o que isso realmente significa”.
Foi aqui que a capacidade natural de Meghan para se conectar realmente brilhou. Conversou sem esforço com os participantes, posou para selfies e participou de conversas profundas.
Em outro evento neste domingo no prestigioso Hotel Delborough em Lagos, onde as pessoas poderosas da sociedade nigeriana se reuniram para dar as boas vindas ao casal, ela parecia visivelmente comovida quando três importantes governantes tradicionais a honraram com títulos reais.
O Obi de Onitsha, Sua Majestade Igwe Nnaemeka Alfred Ugochukwu Achebe batizou Meghan “Ada Mazi”, que significa “a filha do palácio ancestral igbo”.
Além disso, o Oluwo de Iwoland, no sudoeste da Nigéria, Oba Abdulrasheed Adewale Akanbi a batizou com o nome iorubá de “Adetokunbo”, que significa “realeza do outro lado dos mares”.
Durante sua visita de três dias, seus compromissos foram centrados em suas principais paixões: reabilitação esportiva, saúde mental e empoderamento das mulheres.
Por parte de Harry, o duque demonstrou sua compaixão e conexão com sua falecida mãe, a princesa Diana, enquanto visitava soldados feridos em um hospital militar em Kaduna, a 240 quilômetros de Abuja.
Sua primeira parada foi visitar o governador do estado de Kaduna, o senador Uba Sani, onde novamente foi recebido por um grupo de bailarinos e um tapete vermelho. O governador Sani sentou-se diante dele e elogiou Harry como um “símbolo de coragem e” elogiou seu serviço ao país.
Sani acrescentou: “Por favor, cumprimente a duquesa de Sussex, a princesa Meghan”.
Harry percorreu seis pavilhões e conheceu jovens que se recuperavam de seus ferimentos. Muitos tinham sido baleados, emboscados pelo grupo Boko Haram ou tinham perdido membros devido a explosões. Um momento capturado por um fotógrafo que mostra Harry segurando um soldado ferido deitado na cama do hospital durante a visita ressoou profundamente e se tornou viral nas redes sociais.
O cabo Yusef, de 23 anos, que foi baleado no joelho, falou com o duque, que lhe perguntou sobre sua reabilitação. “Você vai tentar fazer parte da equipe da Invictus Games? Você está se preparando para isso?(…) Vejo você lá”, disse Harry.
Sua visita também se estendeu a experiências culturais, como presenciar um vibrante espetáculo de dança e um jogo de pólo no histórico Lagos Polo Club.
O polo tem um significado especial para Harry e o evento proporcionou uma plataforma para mostrar seu compromisso de longa data com o esporte e seus esforços de caridade.
Em meio às festividades, o casal expressou sua gratidão pela calorosa recepção da Nigéria. Enquanto se despediam da Nigéria, Meghan declarou: “Mal posso esperar para voltar!”