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    Análise: Evangélicos, fake news e medo da imigração ajudaram Trump a vencer em Iowa

    Apoiadores do ex-presidente continuam acreditando que eleições de 2020 foram fraudadas e creem que ele é o único candidato que luta de verdade pelas causas conservadoras

    Ex-presidente Donald Trump
    Ex-presidente Donald Trump 19/12/2023REUTERS/Scott Morgan

    Américo Martinsda CNN

    em Londres

    Uma conjunção de fatores explica a expressiva vitória do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump nas prévias do partido Republicano em Iowa, entre eles o uso indiscriminado pela sua campanha de desinformação e fake news, a resistência dos conservadores contra a imigração e o apoio dos evangélicos.

    Trump ganhou de forma esmagadora a disputa do partido Republicano no estado, levando mais de 51% dos votos e deixando para trás o governador da Flórida, Ron DeSantis (212%) e a ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU Nikki Haley (19,1%).

    Mais do que isso: Trump venceu em todos os grupos demográficos. Ele liderou entre jovens e mais velhos, homens e mulheres e aqueles com menor e maior grau de escolaridade.

    Evangélicos

    O ex-presidente venceu também entre os evangélicos, um segmento importante no estado e que foi maioria entre os eleitores que votaram nas prévias.

    Ele obteve 53% dos votos do grupo, conseguindo reverter de forma decisiva o mau desempenho que teve entre os evangélicos em 2016, nas últimas prévias republicanas em Iowa, quando recebeu apenas 20% dos votos deles.

    Trump conseguiu o apoio deste grupo por dois motivos em especial: ter nomeado juízes conservadores para a Suprema Corte e ter anunciado que reconhecia Jerusalém como a capital de Israel, contrariando várias decisões históricas internacionais.

    Os evangélicos americanos tendem a apoiar Israel quase incondicionalmente, e a nomeação dos juízes conservadores ajudou a Suprema Corte a suspender a garantia do direito ao aborto, que era uma conquista de décadas das mulheres no país.

    Fake News

    Como faz com frequência, Trump continua divulgando informações falsas durante a campanha eleitoral.

    O ex-presidente usa a desinformação como fora de mobilização de seus próprios apoiadores, que compram essas versões mesmo com uma longa sequência de fatos demonstrando o contrário.

    Foi o que aconteceu também em Iowa.

    Uma pesquisa conduzida pelo National Election Poll (NEP), um grupo constituído por várias empresas de comunicação dos Estados Unidos, mostrou que 69% dos eleitores republicanos que participaram das prévias acreditam que o presidente Joe Biden “não venceu as eleições de 2020 de forma legítima”.

    Ou seja, eles acreditam na tese absolutamente falsa de que as eleições nos EUA foram fraudadas, apesar das recontagens em vários estados e de todas as dezenas de decisões judiciais terem comprovado o contrário.

    Na mesma pesquisa, 72% dos eleitores disseram que consideram Trump apto a governar mesmo que ele seja condenado por um crime. O ex-presidente enfrenta, em plena campanha, 91 acusações em quatro processos criminais.

    Não há nenhum indício de que ele deixará de usar a desinformação durante o resto da campanha presidencial, o que vai ajudar a desgastar ainda mais a democracia americana, já extremamente polarizada.

    Medo da imigração

    Um terceiro importante fator na vitória de Trump em Iowa foi a preocupação dos conservadores com a imigração desenfreada.

    Segundo a mesma pesquisa da NEP, a imigração é o maior problema dos Estados Unidos para 34% dos participantes das prévias, perdendo apenas para a situação econômica, que preocupa 38%.

    Dentro desse segmento, Trump recebeu 64% dos votos, indicando que os eleitores apoiam sua ideia de voltar a construir muros na fronteira com o México e deportar imigrantes ilegais sumariamente.

    Por fim, o ex-presidente recebeu a aprovação de 82% das pessoas que afirmam que ele “luta por pessoas como eu”.

    O fervor dos seguidores de Trump continua alto.