Análise: Deslizes de Lula sobre Venezuela vão custar credibilidade da mediação do Brasil
A analista Fernanda Magnotta afirma que erros de comunicação do presidente prejudicam papel mediador do país no processo eleitoral venezuelano
A analista de internacional da CNN Fernanda Magnotta avaliou que os recentes deslizes de comunicação do presidente Lula (PT) em relação à situação política na Venezuela estão comprometendo a credibilidade do Brasil como mediador no processo eleitoral do país vizinho.
Magnotta destacou que a situação na Venezuela tem se deteriorado rapidamente, não apenas do ponto de vista político interno, mas também no cenário regional. Segundo ela, as cobranças por provas e transparência feitas pela oposição e pela comunidade internacional não estão sendo atendidas pelo governo de Nicolás Maduro.
Aumento de tensões regionais
A especialista ressaltou que, além do aumento da violência, dos protestos e das prisões na Venezuela, o país tem rompido relações com vizinhos que no passado foram aliados. “Isso demonstra um fechamento maior desse regime e uma perspectiva mais baixa de efetiva normalização, ainda que com intermediação de algum desses próprios parceiros regionais”, afirmou.
Nesse contexto, Magnotta criticou a postura do governo brasileiro: “O Brasil, que sempre tem sido visto em situações desse tipo como uma espécie de fiel da balança, capaz de transitar entre os diferentes atores e diferentes mundos, tem escorregado”.
A analista observou que, inicialmente, o governo Lula adotou uma postura mais cautelosa, mas agora tem cometido “deslizes de comunicação” que, segundo ela, “vão custar ao Brasil também a sua credibilidade como mediador nessa história”.
Críticas internacionais
Magnotta também chamou atenção para as manifestações de organismos internacionais sobre a situação na Venezuela. Ela mencionou que a ONU tem levantado questões sobre a eleição, assim como instituições independentes com tradição em observação eleitoral, como o Carter Center.
A analista destacou ainda a reunião de emergência convocada na Organização dos Estados Americanos (OEA) para discutir a situação venezuelana, prevendo que a posição institucional será crítica e alinhada com as preocupações já expressas pela ONU.
Diante desse cenário, Magnotta concluiu que a perspectiva para a normalização da situação na Venezuela “não é boa”, indicando um cenário de crescente isolamento do regime de Maduro e dificuldades para uma resolução diplomática da crise.