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    Análise: Como Joe Biden e os democratas desafiaram a história de meio de mandato

    Biden e os democratas transformaram as midterms em uma escolha entre dois partidos em vez do habitual referendo sobre o partido do presidente

    Harry Entenda CNN

    O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e os democratas conseguiram uma eleição de meio de mandato para entrar no livro dos recordes: eles mantiveram a maioria do Senado – com 50 cadeiras e potencial de ganhar mais uma – e parece provável que manterá qualquer perda líquida na Câmara em um dígito.

    As midterms deveriam ser o momento para o partido de oposição brilhar, especialmente quando há inflação que ocorre uma vez em uma geração e a grande maioria dos americanos pensa que o país está na direção errada.

    No entanto, Biden e os democratas estão prestes a ter um dos quatro melhores resultados em midterms para o partido que controla a Casa Branca desde o século passado.

    Mas, afinal, o que aconteceu? É bem claro que os eleitores puniram os candidatos repulicanos que consideraram muito extremistas – em questões como aborto e (ou) por estarem muito ligados ao ex-presidente Donald Trump.

    Ainda assim, os resultados das eleições foram extremamente incomuns. Consultei os livros de registro: desde 1922, tiveram três casos do partido do presidente ganhando (ou não perdendo) cadeiras no Senado e perdendo menos de 10 cadeiras na Câmara no primeiro mandato do presidente.

    Todos eles – 1934, 1962 e 2002 – são considerados conquistas monumentais para o partido do presidente e grandes exceções à regra, o que sugere que o partido que controla a Casa Branca geralmente perde cadeiras nas midterms.

    O bom desempenho dos democratas este ano também ocorreu em nível estadual. Já sabemos, com base em corridas projetadas, que esta será a primeira vez desde 1934 que o partido do presidente teve um ganho líquido de governadores no primeiro mandato de um presidente.

    Desde 1934, o único meio de mandato no qual um presidente teve ganho de governadores foi em 1986. No entanto, o partido Republicano de Ronald Reagan teve perdas maciças no Senado naquele ano.

    O chocante sobre 2022 (levando em conta que as tendências atuais se mantenham) é que Biden é bastante impopular. O seu índice de aprovação foi de 44% nas pesquisas de boca de urna.

    Não há nenhuma pesquisa de 1934, embora, considerando que Franklin Roosevelt conquistou duas vitórias esmagadoras em cada extremidade desse meio de mandato, ele provavelmente era bastante popular. Pesquisas de 1962 e 2002 mostram os presidentes da época, John F. Kennedy e George W. Bush, respectivamente, com índices de aprovação acima de 60%.

    O problema do candidato republicano

    A capacidade dos democratas de desafiar as expectativas este ano começa simplesmente com quem os republicanos indicaram para as eleições estaduais. Analistas, inclusive eu, observaram que os republicanos pareciam ter um problema de simpatia pelo candidato. As pesquisas pré-eleitorais mostraram que os republicanos em todas as principais disputas tiveram índices negativos de apoio. Em praticamente todas as principais corridas, os democratas eram mais apreciados do que seus oponentes.

    Muitos desses republicanos foram endossados ​​por Trump e disseram – pelo menos em um ponto – que acreditavam que ele havia vencido as eleições de 2020. Isso, obviamente, é falso, pois Biden venceu a eleição.

    As pesquisas de boca de urna confirmam o “problema do candidato” dos republicanos nas midterms. Em todas as eleições para o Senado (exceto a Geórgia) que o Inside Elections classificou o resultado como incógnita ou apenas inclinou para um partido antes da eleição, mais eleitores disseram que as opiniões do candidato republicano eram muito extremas do que disseram o mesmo sobre o democrata.

    Observamos isso também nas eleições para governadores. Os republicanos indicaram negacionistas das eleições de 2020 para concorrer ao governo de vários estados democratas ou oscilantes. Nenhum deles foi projetado como vencedor e apenas o republicano Kari Lake, do Arizona, tem alguma chance de vencer.

    Talvez a falta de sucesso desses candidatos não deva ser uma surpresa, já que cerca de 60% dos eleitores – tanto em pesquisas pré-eleitorais quanto nas pesquisas de boca de urna – acreditam que Biden foi legitimamente eleito.

    Dois presidentes na disputa

    É claro que maus candidatos ao Senado ou a governadores não foram a única razão pela qual os republicanos tiveram uma eleição de meio de mandato decepcionante.

    Em nível nacional, há dois presidentes em destaque: o atual, Biden, e o anterior, Trump. Ambos os homens ostentaram índices de rejeição, de acordo com as pesquisas de boca de urna.

    O fato de você ter um presidente atual e um ex-presidente ambos impopulares não é incomum. Tanto Obama quanto George W. Bush eram impopulares antes das midterms de 2010.

    O que é incomum é que dos 18% que não enxergaram nem Biden nem Trump favoravelmente em pesquisas de boca de urna, 40% deles votaram nos democratas. A reação contra um presidente este ano pode ter sido anulada pela reação contra o outro.

    Em 2010, uma pesquisa da CNN em setembro mostrou que os democratas ganharam apenas 21% daqueles que não viam nem Bush nem Obama favoravelmente.

    A razão para a diferença entre 2010 e 2022 é bastante óbvia. Eu havia apontado antes da eleição que Trump estava recebendo mais tráfego de busca no Google do que Biden (ou seja, o ex-presidente estava na mente dos eleitores). Bush não estava recebendo nem perto do tráfego de buscas como Obama em 2010, no entanto.

    Eleitores do ‘aborto primeiro’

    Indiscutivelmente, o que realmente tornou essa eleição singular foi a questão do aborto. Apesar da alta inflação, apenas 31% dos eleitores na pesquisa de boca de urna disseram que a alta de preços era a questão mais importante para o seu voto. Uma porcentagem quase idêntica, de 27%, disse aborto, e esses eleitores escolheram esmagadoramente candidatos democratas ao Congresso.

    Isso corresponde à dinâmica que vimos nas eleições especiais da Câmara após a derrubada de Roe vs Wade em junho. Os democratas começaram a se sair consideravelmente melhor do que antes da decisão da Suprema Corte.

    E, apesar dos republicanos recuperarem posições nas pesquisas nacionais da Câmara nas últimas semanas da campanha, o partido nunca voltou ao para onde estavam durante a primavera.

    O fato de que os eleitores “aborto first” escolheram esmagadoramente os democratas faz sentido, uma vez que 60% dos entrevistados disseram que o procedimento deveria ser legal em todos ou na maioria dos casos.

    Quando você junta tudo, Biden e os democratas parecem ter feito algo que outros tentaram – e falharam – em midterms anteriores: eles transformaram a eleição em uma escolha entre dois partidos em vez do habitual referendo sobre o partido do presidente.

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