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    Análise: como a alta do desemprego pode afetar Trump e as eleições de 2020

    A aprovação do presidente subiu rápido com sua resposta ao novo coronavírus, mas crise econômica pode afetar gravemente a popularidade

    Resposta agressiva do governo ao coronavírus ajudou popularidade de Trump a subir
    Resposta agressiva do governo ao coronavírus ajudou popularidade de Trump a subir Foto: Tom Brenner/Reuters

    Harry Enten

    Da CNN

    O presidente Donald Trump tem visto seus índices de aprovação subirem rapidamente graças à sua resposta à pandemia do novo coronavírus. Infelizmente, a economia dos Estados Unidos está à beira de um colapso por conta da mesma pandemia. Houve recorde de pedidos de auxílio-desemprego nas últimas duas semanas, e o país perdeu próximo de 700 mil postos de trabalho em março. Se a história se repetir, essa reversão na economia pode acabar com qualquer ganho de popularidade que Trump tenha conseguido e colocar seus planos de reeleição em grande perigo.

    A relação entre o estado da economia e a sorte do presidente é uma das mais claras na ciência política. É possível ver isso em números básicos da economia (como emprego ou PIB) ou simplesmente perguntando aos eleitores qual é a avaliação deles de como a economia está indo. 

    As projeções eleitorais feitas com base nos números e projeções atuais para o mercado de trabalho são ruins o suficiente para que, caso a história se repita, Trump despenque, a não ser que haja uma recuperação econômica forte em algum momento até o final do ano. As revisões para o PIB estão tão terríveis que elas literalmente fogem dos modelos de previsão (quer dizer, o modelo pode prever que Trump tenha um número negativo de votos).

    Com as nuvens negras em formação no cenário político, pode ser mais seguro voltar as atenções para as pesquisas de opinião sobre a economia para entender seus pontenciais impactos em 2020. A pergunta “a economia está melhorando, piorando ou ficando igual?” sempre foi bastante preditivia nas retas finais de todas as eleições presidenciais desde 1976.

    Quando o candidato à reeleição Jimmy Carter foi derrotado em 1980, os eleitores diziam, por uma margem de 32 pontos, que a economia estava piorando. Quando o candidato à reeleição Ronald Reagan, quatro anos depois, estava com uma margem folgada de vitória, os eleitores diziam com uma vantagem de 21 pontos que a economia estava ficando melhor.

    De maneira geral, os candidatos a um segundo mandato perderam todas as eleições em que as pesquisas mostravam uma diferença de 15 pontos ou mais entre aqueles que diziam que a economia estava piorando e os que afirmavam estar melhorando. Por outro lado, todos se reelegeram nas eleições em que o cenário não era este.

    Um número grande de pessoas achava que a economia estava ficando melhor no início de março, antes de a pandemia de coronavírus se apossar dos Estados Unidos. Em uma pesquisa feita pela Universidade de Quinnipiac, 35% dos entrevistados diziam que a economia estava melhor ante 28% que diziam que estava pior. 

    Se essa diferença de 7 pontos se mantivesse até o dia das eleições, Trump estaria em uma boa situação.

    Entretanto, não foi feita nenhuma pesquisa com a pergunta específica sobre a economia estar “melhorando ou piorando” desde que as demissões em massa começaram, embora as pesquisas feitas nesse período indiquem uma dose grande de nervosismo.

    O problema de Trump, é claro, é que a pesquisa do começo de março está muito provavelmente desatualizada e as impressões sobre a economia devem mudar drasticamente. Nas últimas três eleições, a diferença entre “melhorando” e “piorando” mudou em média 15 pontos ao longo dos sete meses finais de campanha.

    É difícil imaginar Trump vencendo as eleições caso as visões da população sobre a economia piorem muito, o que os novos números de emprego indicam que irá facilmente acontecer. 

    Além disso, Trump já vinha tendo avaliações piores nas regiões onde a economia indicava isso. As impressões sobre a economia normalmente convergem com o que os eleitores sentem em relação ao presidente de maneira geral. Como Trump era impopular, a história poderia sugerir que as visões econômicas ainda se deteriorariam até a chegada do outono (no segundo semestre), mesmo antes da piora dos indicadores. Quando se olha de perto o saldo da aprovação de Trump (as aprovações descontadas as desaprovações), vemos que, mesmo com a boa avaliação da economia do início de março, ele chegaria ao outono uma desvantagem de 3 pontos na corrida.

    Em outras palavras, Trump aparentemente tem menos margem de manobra na economia do que outros presidentes mais populares.

    É claro que não estamos em tempos normais. É plausível que os eleitores de Trump deem a ele o benefício da dúvida, mesmo que cheguem ao dia da eleição achando que a economia piorou. Talvez, as pessoas aprovem a maneira como Trump administrou a crise do novo coronavírus, o que pode se sobrepor às impressões econômicas.

    Ou talvez a ideia de que “nada importa” seja a regra no dia da eleição de 2020. Dado que Trump foi pior nos lugares onde a economia vacila ao longo de seu mandato, é plausível que ele supere isso no dia em que os eleitores devem dar seu veredito.

    De toda maneira, essa não é uma aposta com que eu contaria se eu fosse Trump.