Análise: Brasil não vai aceitar resultado na Venezuela sem atas
Governo brasileiro mantém posição e exige transparência nas eleições venezuelanas, apesar da decisão do Supremo Tribunal de Justiça de manter sigilo das atas
O governo brasileiro reafirmou sua posição de não reconhecer a suposta vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais da Venezuela sem a divulgação das atas de votação.
A informação foi confirmada por fontes do governo à CNN Brasil, conforme relatado pelo analista sênior de Internacional da CNN Américo Martins.
O Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, controlado pelo Executivo, confirmou a vitória de Maduro, ignorando evidências de fraudes eleitorais.
A decisão do tribunal de manter as atas eleitorais em sigilo complica ainda mais a situação.
Posição do Brasil e diálogo internacional
Apesar da pressão, o Brasil manterá sua postura de não reconhecimento até que haja transparência no processo eleitoral.
Uma reunião entre o presidente Lula e o presidente colombiano, Gustavo Petro, está prevista para discutir os próximos passos em relação à situação venezuelana.
Américo Martins destacou: “Está claríssimo que essas atas nunca serão divulgadas, que o governo do Maduro não pretende atender às exigências do Brasil, da Colômbia e de outros países por mais transparência e isso vai deixar o Brasil numa posição incômoda”.
Críticas ao processo eleitoral e tensões diplomáticas
O Centro Carter, organização respeitada internacionalmente, declarou que a eleição na Venezuela não foi limpa nem justa.
A situação é agravada pela existência de mais de 2 mil presos políticos e cerca de 30 mortos em protestos no país.
As declarações provocativas de Maduro, sugerindo que qualquer problema poderia ser resolvido com “derramamento de sangue”, aumentam as tensões diplomáticas.
O governo brasileiro agora se vê pressionado a tomar uma posição mais firme, possivelmente incluindo uma condenação formal à postura do regime venezuelano.
A divergência entre a posição do Partido dos Trabalhadores (PT), que parabenizou o processo eleitoral, e a do governo brasileiro, que exige transparência, também foi destacada, evidenciando a complexidade da situação diplomática enfrentada pelo Brasil em relação à Venezuela.