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    Análise: Aparição surpresa de suposto submarino chinês em Taiwan expõe risco no mar

    Embarcação militar teria sido vista acima da superfície das águas que separam Taiwan e China; motivo da presença seria desconhecido

    Brad Lendonda CNN , em Hong Kong

    A aparição inesperada de um suposto submarino chinês no Estreito de Taiwan nesta semana destacou os perigos representados pela presença frequente de embarcações militares na estreita via navegável, que analistas alertam que pode, em última análise, desencadear um conflito não intencional.

    Escrevendo no blog Covert Shores na segunda-feira, o especialista em submarinos H.I. Sutton identificou a embarcação como um submarino chinês de míssil balístico tipo 94 em uma foto do serviço de imagens de satélite europeu de código aberto, Sentinel-2.

    O submarino foi visto supostamente cruzando acima da superfície das águas que separam Taiwan da China continental, onde muitos analistas dizem que o conflito é mais provável de começar a partir de uma colisão acidental do que de um evento planejado – e quanto mais embarcações de guerra em um espaço confinado, mais chances existem para que acidentes aconteçam.

    O motivo de sua suposta presença no estreito é desconhecido, mas Sutton disse que provavelmente o submarino chinês – também conhecido como SSBN ou “boomer” – estava em uma missão de rotina, possivelmente voltando para um porto da Marinha do Exército de Libertação do Povo (ELP) no Mar de Bohai para reparos ou manutenção.

    Mas outros especialistas que viram a imagem de satélite disseram que a suposta presença de um “boomer” na superfície é de deixar perplexo.

    “Um SSBN na superfície é praticamente inédito”, disse Carl Schuster, ex-capitão da Marinha dos EUA e ex-diretor de operações do Centro de Inteligência Conjunto do Comando do Pacífico dos EUA. “Isso pode sugerir um problema de casco ou engenharia que requer um grande estaleiro para investigar e consertar.”

    O Estreito de Taiwan tem apenas 180 quilômetros de diâmetro em seu ponto mais estreito. Tornou-se um dos principais centros militares do mundo, à medida que a China pressiona cada vez mais a autogovernada Taiwan, que o presidente chinês, Xi Jinping, prometeu colocar sob controle de Pequim. Em resposta, apoiadores do governo em Taipei, incluindo os Estados Unidos, aumentaram sua presença militar na região.

    Esta semana, o comandante da 7ª Frota da Marinha dos EUA, com sede no Japão, disse que mais porta-aviões dos EUA e parceiros são necessários no oeste do Pacífico.

    O vice-almirante Karl Thomas, falando a bordo do porta-aviões USS Carl Vinson após exercícios navais de grande escala envolvendo os EUA, Japão, Austrália, Canadá e Alemanha, disse que os porta-aviões fazem uma grande declaração de dissuasão.

    “Quando pensamos em como podemos lutar, […] quatro porta-aviões é um bom número, mas seis, sete ou oito seria melhor”, disse Thomas, segundo uma reportagem do Wall Street Journal.

    Enquanto isso, a China – que já possui a maior marinha do mundo em número de navios – continua produzindo novos navios.

    Em novembro, seu quarto destróier Type 55, o Anshan, juntou-se à frota da Marinha do Exército de Libertação do Povo (PLAN) e um quinto deve fazê-lo até o final do ano, revelou o Naval News. Os Type 55s são considerados entre os navios de combate de superfície mais modernos e poderosos do mundo.

    E com mais navios vem mais potencial para um acidente, como o Serviço de Pesquisa do Congresso dos Estados Unidos escreveu no ano passado em um relatório sobre os mares do Sul e Leste da China.

    A intensificação das operações de navios e aeronaves militares dos EUA e da China no Mar do Sul da China “poderia aumentar o risco de um erro de cálculo ou ação inadvertida que poderia causar um acidente ou levar a um incidente que, por sua vez, poderia se transformar em uma crise ou conflito”, o relatório disse.

    E em 2018, isso quase aconteceu quando um contratorpedeiro chinês navegou perigosamente perto de um destróier de mísseis guiados dos EUA no Mar do Sul da China – no que a Marinha dos EUA descreveu como uma “manobra agressiva”. Os dois navios chegaram a 41 metros um do outro, de acordo com relatórios da Marinha dos EUA.

    Mas Taiwan e seus apoiadores não estão parados. Taipei no mês passado iniciou a construção do primeiro de oito submarinos construídos localmente.

    A Austrália, apoiadora de Taiwan e crítica da pressão militar crescente de Pequim na região, disse no início deste ano que planeja construir uma frota de submarinos com propulsão nuclear.

    O potencial para colisões no mar foi colocado em foco em outubro, quando um submarino da Marinha dos EUA, o USS Connecticut, atingiu o que a Frota do Pacífico dos EUA disse ser uma montanha submarina no Mar do Sul da China. O Connecticut, um submarino de ataque rápido com propulsão nuclear, voltou para a superfície rumo à base naval dos EUA na ilha de Guam, no Pacífico, após o incidente. E em 2017, uma onda de acidentes da Marinha dos EUA na Ásia levantou preocupações semelhantes.

    Embora não haja nenhuma indicação de que o suposto submarino chinês avistado na segunda-feira tenha sofrido um acidente, “é um mistério interessante”, disse Schuster, que também observou que o PLA poderia simplesmente estar mostrando sua força no estreito, já que os EUA e suas marinhas parceiras fez recentemente.

    A CNN entrou em contato com o Ministério da Defesa e o Ministério das Relações Exteriores da China para comentar o assunto.

    * Artigo traduzido. Leia o original aqui.

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