Américo Martins: Países da UE resistem em acordo com Mercosul

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expressou otimismo quanto à conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE) até o final deste ano. No entanto, o analista sênior de assuntos internacionais, Américo Martins, alerta para a persistência de obstáculos significativos.

Lula reiterou sua confiança após um encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, à margem da Assembleia Geral da ONU. Segundo o presidente brasileiro, o Mercosul está pronto para assinar o acordo, mas a resistência vem do lado europeu.

Avanços e desafios nas negociações

Apesar do otimismo presidencial, Martins destaca que ainda existem pontos de divergência. Uma reunião presencial em Brasília no início de setembro foi considerada positiva, mas um representante da UE confirmou à agência Reuters a existência de diferenças pendentes.

O principal obstáculo reside no protecionismo de alguns países europeus, notadamente França, Polônia e, em certa medida, Espanha. Estes países temem a concorrência do agronegócio brasileiro, reconhecidamente forte e competitivo.

Impacto na agricultura europeia

Os agricultores europeus, especialmente os franceses, enfrentariam dificuldades para competir sem subsídios com os produtos agrícolas brasileiros. Este fator tem sido um ponto de tensão nas negociações, com o presidente francês Emmanuel Macron demonstrando relutância em apoiar o acordo.

Mesmo que a UE chegue a um consenso, o acordo ainda precisará do apoio dos líderes de cada país membro. A oposição de uma potência como a França levanta sérias dúvidas sobre a viabilidade do acordo no prazo previsto por Lula.

Enquanto o Brasil e seus parceiros do Mercosul se mostram prontos para avançar, a complexidade dos interesses econômicos e políticos dentro da UE continua a ser um desafio significativo para a concretização deste acordo comercial histórico.