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    Alto escalão do governo Biden reage a relatório do IPCC: ‘É o alerta final’

    Deputados e secretários buscam consenso na aprovação de pacotes econômicos e preparam-se para próxima COP, vista como 'ponto de mudança' no debate climático

    Planta de indústria química da ExxonMobil - indústrias estão sob escrutínio por necessidade de contenção na poluição
    Planta de indústria química da ExxonMobil - indústrias estão sob escrutínio por necessidade de contenção na poluição Foto: Ken Jack/Getty Images

    Ella Nilsen, da CNN

    Legisladores e funcionários de alto-escalão sobre mudanças climáticas do governo de Joe Biden soaram o alarme nesta segunda-feira (09) após o novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que demanda, em tom urgente, que as nações trabalhem para liminar o aquecimento global em até 1,5º C

    “Se os senadores realmente seguissem o que diz a ciência neste relatório, nós teríamos 100 votos para ações climáticas para combinar com os 100% de certeza de que foram as ações humanas que causaram as alterações climáticas e estão destruindo nosso planeta”, afirmou em declaração o senador Ed Markey, de Massachussetts.

    “Esse relatório deve ser o aviso final para o mundo de que o nosso tempo está acabando se quisermos salvar o planeta de mudanças climáticas perigosas e irreversíveis”, acrescentou.

    O último relatório do IPCC afirma que o mundo está rapidamente ficando sem tempo para manter o aquecimento global causado pelo homem ao limite de 1,5ºC. O relatório apresenta diferentes cenários se as nações mundiais descarbonizarem e limitarem coletivamente seu aquecimento a este patamar, em comparação com o que acontecerá se não tomarem medidas – levando ao aquecimento global de 2 ou 3 graus Celsius. Este último teria consequências catastróficas para o planeta, levando eventos climáticos já severos, como incêndios e enchentes, a ficarem ainda pior.

    “Cada pedaço de aquecimento importa, e cada pedaço de aquecimento evitado importa”, disse a Dra. Jane Lubchenco, diretora adjunta para o clima e meio ambiente do Escritório de Política Científica e Tecnológica da Casa Branca, à CNN. “Temos que aumentar a ambição e enfrentar a crise climática como a ameaça existencial que ela representa”.

    Com o aquecimento global atualmente em 1,1ºC, este verão já apresentou novos recordes de calor e seca em algumas partes dos Estados Unidos. Alguns legisladores disseram que temiam que este verão pudesse ser a ponta do iceberg.

    “Não é como se este ano estivéssemos passando por uma exceção, este será o melhor cenário se não fizermos mudanças”, disse a senadora democrata Tina Smith, de Minnesota, à CNN. “Os fazendeiros estão liquidando seus rebanhos de gado porque não conseguem encontrar feno, parte da fronteira [de Minnesota] está fechada por causa do perigo de incêndio. Eu penso no meu neto; ele vai mesmo conhecer a neve em Minnesota?”

    Smith e outros legisladores disseram que o novo relatório ressaltou a necessidade de os democratas do Congresso aprovarem uma lei de conciliação orçamentária de US$ 3,5 trilhões, incluindo fortes provisões climáticas, como créditos fiscais para energia renovável, e uma Norma de Eletricidade Limpa.

    “Não podemos desperdiçar esta oportunidade única de gerar investimentos históricos em energia limpa, empregos bem pagos e justiça ambiental”, disse a deputada Kathy Castor, que preside o Comitê Selecionado da Câmara sobre a Crise Climática.

    Os principais democratas do Senado divulgaram novos detalhes, na segunda-feira, sobre os aportes em seu próximo projeto de lei de conciliação orçamentária de US$ 3,5 trilhões, que incluiria um novo Programa de Pagamento de Eletricidade Limpa, incentivos e subsídios para energia limpa, fabricação e transporte, financiamento para um Corpo Civil do Clima, novas taxas poluidoras sobre a importação de metano e carbono, e descontos ao consumidor para a eletrificação doméstica e climatização, entre outras coisas.

    “Ao finalmente enfrentar a mudança climática, podemos poupar nosso país e nosso planeta dos efeitos mais devastadores do aquecimento global”, escreveu o Líder da Maioria no Senado, Chuck Schumer, de Nova York, em uma carta.

    Muitos legisladores acreditam que aprovar uma lei de reconciliação robusta é sua melhor esperança de alcançar o objetivo do presidente Biden de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 50 a 52%, em relação aos níveis de 2005, até 2030. Biden também disse que quer fazer com que os Estados Unidos chegam a emissões zero até 2050 e pretende descarbonizar o setor elétrico norte-americano até 2035.

    “Este é realmente um duplo despertar”, disse o deputado Eddie Bernice Johnson, do Texas, que preside o Comitê de Ciência, Espaço e Tecnologia da Câmara. “Acho que finalmente estamos começando a aceitar que temos que fazer algo”.

    A administração Biden na segunda-feira também anunciou um financiamento de US$ 5 bilhões, por meio da Agência Federal de Gestão de Emergências com o objetivo de ajudar os estados e localidades a se prepararem para “desastres climáticos e meteorológicos extremos”.

    Esse financiamento irá garantir recursos às comunidades a fim de reduzir a vulnerabilidade a eventos naturais, subsídios adicionais para mitigação de riscos, e financiamento para a mitigação de enchentes, de acordo com um comunicado à imprensa.

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    “O mundo deve se unir antes que a capacidade de limitar o aquecimento global a 1,5 ºC esteja fora de alcance”, disse John Kerry, secretário especial dos EUA, em resposta ao relatório do IPCC. “O que o mundo exige agora é ação real. Podemos chegar à economia de baixo carbono que precisamos urgentemente, mas o tempo não está do nosso lado”.

    Biden e os legisladores têm uma série de passos cruciais a cumprirem neste verão e outono. A maior parte da reconciliação orçamentária provavelmente acontecerá em setembro e outubro, um preparo para a crucial Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, onde os EUA e outras nações se reunirão para discutir os compromissos de descarbonização.

    Como principal responsável internacional de Biden pelo clima, Kerry terá um papel crucial a desempenhar nas próximas conversações internacionais em Glasgow, Escócia, no final deste outono. Em uma declaração, Kerry disse que Glasgow “deve ser um ponto de mudança nesta crise”, em que todas as grandes economias irão se comprometer com uma ação “agressiva” sobre o clima durante a próxima década. 

    Os comentários de Kerry também foram ecoados pelo Secretário de Estado, Tony Blinken. “Não podemos adiar mais uma ação climática ambiciosa”, disse Blinken em uma declaração. “Este momento exige que os líderes mundiais, o setor privado e os indivíduos ajam com urgência e façam tudo o que for necessário para proteger nosso planeta e nosso futuro nesta década e além”.