Alemanha e Canadá adiam segunda dose para vacinar maior número de pessoas
Países seguem a estratégia do Reino Unido depois que estudos apontaram que a eficácia das vacinas está garantida mesmo com intervalo maior entre as doses
O Comitê Consultivo Nacional de Imunização (NACI) do Canadá deu uma nova recomendação às províncias do país quanto ao tempo necessário entre as aplicações de doses da vacina. O órgão disse que é possível estender o intervalo para até quatro meses, de acordo com um comunicado divulgado pela agência. Antes, a recomendação era que a segunda dose fosse aplicada em até seis semanas.
O comitê recomenda estender o tempo entre a aplicação da primeira e da segunda dose para maximizar o número de indivíduos que se beneficiarão da vacinação, explica o comunicado. A mudança na orientação ocorre em meio à escassez de vacinas em todo o Canadá.
Ao implementar o aumento do intervalo entre as doses, “o Canadá será capaz de fornecer, mais cedo, acesso às primeiras doses de vacinas altamente eficazes a mais indivíduos, o que se espera que aumente a equidade no atendimento de saúde mais rapidamente”, diz a declaração.
Algumas províncias já haviam estendido o intervalo entre a aplicação das doses, mas apenas por algumas semanas, disseram autoridades de saúde a repórteres em entrevista coletiva na noite de quarta-feira (03).
Apesar da recomendação, o comitê disse que a decisão final sobre a extensão do intervalo e quanto tempo haverá até a aplicação da segunda dose será de responsabilidade dos governos das províncias.
Anteriormente, o NACI recomendava que o intervalo máximo entre a administração da primeira e da segunda dose da vacina Moderna fosse de quatro semanas, da Pfizer/BioNTech, de três semanas, e de 12 semanas para a da AstraZeneca.
Alemanha
A Alemanha também vai estender o intervalo entre as doses da vacina “ao máximo”, anunciou a chanceler Angela Merkel, na quarta-feira.
Ela disse que haverá um intervalo de 42 dias para a segunda dose da vacina Pfizer/BioNTech e de 12 semanas para a segunda dose da vacina AstraZeneca/Oxford.
“Isso nos permitirá vacinar mais pessoas com a primeira dose, e mais rapidamente. Isso também é recomendado pela STIKO (Comissão Permanente de Vacinação da Alemanha)”, disse Merkel.
A chanceler também disse que, em uma tentativa de acelerar o lançamento de vacinas contra o coronavírus, a Alemanha terá como objetivo distribuir rapidamente as vacinas por meio de sua rede de postos de atendimento familiar.
“No final de março e início de abril, a segunda etapa contempla o fornecimento de vacinas aos clínicos gerais e aos postos de vacinação, para que haja ainda mais agilidade em todo o processo de vacinação”, anunciou.
A mudança na estratégia de dosagem ocorre depois que dados de estudos pareciam justificar a estratégia do Reino Unido de vacinar o maior número possível de pessoas de alto risco com uma primeira dose de vacina e adiar a segunda injeção.
A política do Reino Unido é que as segundas doses tanto da Pfizer/BioNTech quanto da AstraZeneca sejam administradas depois de 12 semanas, o que permitiu que mais de 20 milhões de pessoas recebessem a primeira dose de uma das vacinas.
A Alemanha administrou cerca de 4 milhões de primeiras doses e 2 milhões de segundas doses desde o início de sua campanha de vacinação, em janeiro, de acordo com dados oficiais.
A autoridade de vacinação do país também aprovou o uso da vacina da AstraZeneca em pessoas com mais de 65 anos, disse o ministro da Saúde alemão à CNN nesta quinta-feira.
“A Comissão Permanente de Vacinação recomenda a vacina AstraZeneca também para pessoas com mais de 65 anos de idade”, disse o ministro, Jens Spahn, em um comunicado.
“Esta é uma boa notícia para todos os idosos que estão esperando para serem vacinados. Eles podem ser vacinados mais rapidamente. ”
O comunicado acrescentou que os novos dados apontam que, o intervalo entre a primeira e a segunda doses da vacina AstraZeneca pode ser estendido para doze semanas. E, segundo o comunicado, o novo prazo estipulado torna a imunização “ainda mais eficaz”.
Em janeiro deste ano, a Comissão de Vacinas da Alemanha disse que a vacina da AstraZeneca não deveria ser administrada em pessoas com mais de 65 anos por não haver, ainda, dados suficientes sobre sua eficácia para essa faixa etária.
A mudança aconteceu depois que dados do Public Health England, divulgados na segunda-feira, sugeriram que uma única dose da vacina AstraZeneca é altamente eficaz contra infecções graves e hospitalização entre populações idosas.