Agências da ONU se preocupam com propagação de mpox em campos de refugiados do Congo
País teve mais de 18 mil casos suspeitos de mpox e 615 mortes neste ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS)
Agências da ONU alertaram nesta terça-feira (27) sobre a disseminação de mpox nos campos de refugiados da República Democrática do Congo, onde as pessoas são mais suscetíveis à infecção devido aos sistemas imunológicos debilitados e às condições de vida precárias.
Mais de 7 milhões de pessoas estão desalojadas no Congo, que tem um dos maiores níveis de deslocamento do mundo, incluindo indivíduos que fogem de conflitos internos e desastres e outros que chegam de Ruanda, Burundi e Sudão do Sul.
A agência de refugiados da ONU, a ACNUR, disse que cerca de 42 casos suspeitos de mpox foram relatados até agora em campos de refugiados e outros centros em Kivu do Sul, no leste do Congo, onde há quase 2 milhões de deslocados internos e refugiados.
“Para aqueles que fogem da violência, implementar muitas das medidas de [prevenção à] mpox é um tremendo desafio”, pontuou o doutor Allen Maina, Chefe de Saúde Pública do ACNUR.
“Eles não têm espaço para se isolar quando desenvolvem sintomas da doença”, acrescentou, ressaltando que os indivíduos infectados estavam optando por se distanciar de abrigos lotados para dormir ao relento para proteger os outros.
Mais de 18 mil casos suspeitos
O Congo teve mais de 18 mil casos suspeitos de mpox e 615 mortes neste ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), que declarou uma emergência de saúde por mpox neste mês após o surgimento de uma nova variante chamada clade Ib.
A mpox, que causa sintomas semelhantes aos da gripe e lesões cheias de pus, é sexualmente transmissível, mas também pode se espalhar por contato próximo com uma pessoa infectada.
Embora ainda não esteja claro se os casos suspeitos relatados são da nova cepa aparentemente mais contagiosa do clade Ib, a porta-voz da OMS, Margaret Harris, destacou que Kivu do Sul é uma área onde essa variante estava circulando principalmente.
“(As pessoas) já estão muito estressadas, famintas, aterrorizadas, deslocadas. Então, há um déficit imunológico, uma fraqueza imunológica que as torna mais propensas a adoecer com qualquer coisa que contraiam, incluindo mpox”, disse ela.
Um número desconhecido de casos de mpox, incluindo entre crianças, também surgiu em campos de deslocados de Kivu do Norte.
Questionado se os campos do Congo poderiam se tornar incubadoras para uma disseminação mais ampla da doença, Maina afirmou que o foco deveria ser na prevenção de doenças e na melhoria das condições dos campos.