Agência da ONU alerta para piora da qualidade do ar associada às ondas de calor
À CNN Rádio, o professor do Instituto de Física da USP Paulo Artaxo afirmou que nenhum governo está fazendo algo significativo para combater as mudanças climáticas
![Poluição em São Paulo vista do Pico do Jaraguá Poluição em São Paulo vista do Pico do Jaraguá](https://preprod.cnnbrasil.com.br/wp-content/uploads/sites/12/2022/04/WhatsApp-Image-2022-04-29-at-10.34.33.jpeg?w=932&h=573&crop=1)
Um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial apontou que a interação entre poluição e fatores meteorológicos pode causar uma “penalidade climática” para milhares de pessoas ao redor do mundo.
Segundo o documento, o aumento das ondas de calor associado aos incêndios florestais e queimadas neste século deve piorar a qualidade do ar, prejudicando a saúde humana e os ecossistemas.
“Realmente a qualidade do ar está deteriorando rapidamente no mundo todo por causa da maior incidência de queimadas, nos EUA, Europa e Brasil”, concordou o professor do Instituto de Física da USP, Paulo Artaxo.
Em entrevista à CNN Rádio, além disso, ele explicou que “não estamos sendo capazes de reduzir as emissões de poluentes atmosféricos, a mudança climática está alterando profundamente o padrão das emissões de gases de efeito estufa e poluentes que trazem danos à saúde da população.”
O especialista reforça que, se nada for feito, “podemos esperar que a situação possa se agravar ao longo dos próximos anos”, impactando na saúde de milhões de pessoas.
“É uma tarefa urgente para a sociedade” combater essas emissões de gases de efeito estufa.
No entanto, Artaxo alerta que “nenhum governo está fazendo algo significativo”, já que a “ciência alerta há 50 anos” dos riscos do aquecimento global.
“Apesar dos alertas, Acordo de Paris e conferências do Acordo Climático, nenhuma redução significativa foi feita, as emissões ainda estão aumentando em torno de 2 a 4%”, completou.
O professor destaca que reverter este quadro é “possível, mas difícil.”
A melhora passa por uma “mudança no padrão de consumo das populações, redução da desigualdade social, e que a indústria de petróleo se volte para a produção de energia eólica e solar.”
Ele avalia que ações individuais são importantes, mas o impacto só será amenizado com políticas públicas que englobem toda a sociedade.
*Com produção de Isabel Campos