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    Afeganistão é o terceiro país com maior número de pessoas refugiadas no mundo

    São 2,6 milhões de afegãos que tiveram que buscar proteção internacional, segundo relatório do alto comissariado das Nações Unidas para refugiados

    Alexa Meirelles e Rafaela Lara, da CNN, em São Paulo

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    A volta do Talibã ao Afeganistão e a corrida dos afegãos ao aeroporto de Cabul em busca de um novo lar diante da tomada da capital pelo grupo islâmico reacende um debate mundial: a crise dos refugiados. Segundo um relatório do Acnur, o alto comissariado das Nações Unidas para refugiados, já no final de 2020 o Afeganistão era o terceiro país no mundo com maior número de pessoas refugiadas.

    São 2,6 milhões de afegãos que tiveram que buscar proteção internacional, segundo o relatório. O alto número de refugiados faz com que o Afeganistão fique atrás apenas da Síria e da Venezuela nesse ranking.

    Apenas em 2020, mais de 76 mil solicitações de refúgio foram feitas por pessoas do Afeganistão. Esta tendência deve se repetir em 2021, visto que o Talibã tomou o palácio presidencial em Cabul, capital do Afeganistão, no último domingo (15), assumindo o poder no país.

    Segundo o relatório, entre os deslocados internos, o Afeganistão ocupava globalmente a sexta posição –- somando quase 3 milhões de famílias que tiveram que deixar suas casas, mas que ainda permanecem no país.

    De acordo com o Acnur, o aumento da violência e da insegurança levaram ao deslocamento de cerca de 550 mil pessoas que foram forçadas a deixar suas casas desde o início de 2021, sendo 70% desde maio deste ano.

    Aproximadamente 80% dos cerca de 250 mil afegãos forçados a abandonar suas casas desde o final de maio deste ano são mulheres e crianças.

    Aumento nos números

    Diante do contexto atual e após a retirada das tropas dos Estados Unidos do país, o cenário que se avizinha pode contribuir para o aumento destes números. Nesta terça-feira (17), um avião militar cargueiro decolou de Cabul com 640 afegãos a bordo rumo ao Catar. Milhares ainda aguardam concessão de vistos para deixarem o país.

    Os impactos totais do conflito e da situação política no país ainda não são claros. O Acnur diz estar pronto para ajudar as autoridades nacionais a ampliar as respostas humanitárias conforme necessário, já que a impossibilidade de buscar segurança coloca em risco inúmeras vidas de civis.

    Embora o trabalho global do Acnur seja inteiramente humanitário e não político, é essencial que a agência tenha livre acesso aos civis e comunidades que estejam em situação de vulnerabilidade no país. As equipes atuam inicialmente nas prioridades mais críticas, fornecendo alimentos, abrigo, kits e assistência para salvar vidas.

    O alto comissariado da ONU para refugiados reforça o pedido para que todos os estados permitam o acesso aos seus territórios para que as pessoas que fogem da perseguição do Talibã possam encontrar proteção e receber assistência humanitária.

    Em relação aos afegãos que tiveram suas solicitações de refúgios reprovadas e esgotaram todas as opções legais, a agência da ONU pede que os estados tenham a devida cautela em relação ao seu retorno ao Afeganistão.

    O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, autorizou, no último sábado (14), o envio de 5 mil soldados norte-americanos para ajudar na retirada de cidadãos do país e garantir uma saída “ordeira e segura” das equipes militares e de seus aliados.

    Durante a tomada de Cabul, não houve resistência por parte do exército afegão. Em seu primeiro pronunciamento após combatentes do Talibã tomarem o poder da capital, Biden admitiu que o país cometeu erros, mas disse que não se arrepende de ter determinado a retirada de tropas americanas do país.

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