Advogado que já defendeu Jamal Khashoggi foi preso nos Emirados Árabes, diz ONG
Detenção de Asim Ghafoor ocorreu na mesma semana em que presidente dos EUA se reúne com líderes do Oriente Médio
As autoridades dos Emirados Árabes Unidos detiveram Asim Ghafoor, cidadão norte-americano e advogado de direitos civis que anteriormente atuou como advogado do jornalista assassinado Jamal Khashoggi, afirmou o grupo de direitos humanos DAWN, de cujo conselho Ghafoor é membro.
Um alto funcionário do governo dos Estados Unidos, quando questionado no sábado (16) por repórteres sobre a detenção, disse que o país estava ciente, mas não podia dizer se o presidente Joe Biden levantaria a questão em conversas bilaterais planejadas com o líder dos Emirados Árabes Unidos durante uma cúpula árabe na Arábia Saudita.
“Certamente acho que temos pontos sobre a importância do acesso consular e tudo mais”, disse o funcionário, acrescentando que “não há indicação de que tenha algo a ver com a questão de Khashoggi”.
O jornalista saudita Khashoggi foi morto por agentes sauditas em 2018 no consulado do reino em Istambul, na Turquia, em uma operação que a inteligência dos Estados Unidos diz que o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, aprovou. O príncipe nega envolvimento.
As autoridades dos Emirados Árabes Unidos não responderam imediatamente no fim de semana a um pedido da Reuters para comentários sobre a detenção de Ghafoor.
O Democracy for the Arab World Now (DAWN) afirmou em um comunicado na sexta-feira (15) que Ghafoor, um advogado de direitos civis com mora na Virgínia, foi detido em 14 de julho no aeroporto de Dubai a caminho de Istambul para participar de um casamento familiar.
A organização citou funcionários consulares dos Estados Unidos e disse que ele estava preso em um centro de detenção em Abu Dhabi por acusações relacionadas a uma condenação à revelia por lavagem de dinheiro, mas que Ghafoor afirmou não ter conhecimento de qualquer questão legal contra ele.
“Pedimos ao governo Biden que garanta a libertação de um advogado americano detido arbitrariamente antes de concordar em se encontrar com o líder dos Emirados Árabes Unidos MBZ [Sheikh Mohammed bin Zayed] em Jeddah”, disse a DAWN.
Biden afirmou que falaria sobre direitos humanos durante sua viagem.
Grupos de direitos humanos dizem que os Emirados Árabes Unidos prenderam centenas de ativistas, acadêmicos e advogados em acusações injustas.
Os Emirados Árabes Unidos rejeitaram tais acusações como infundadas, e dizem que estão comprometidos com os direitos humanos dentro das leis do país.