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    Acusado de racismo, correio da Espanha suspende venda de selos com tons de pele

    Estampas tinham preços diferentes, com os mais escuros valendo menos que os mais claros; empresa diz que campanha pretendia promover reflexão sobre racismo

    Al Goodman, Scottie Andrew e Nicole Chavez, da CNN

    Correos, o serviço postal da Espanha, encerrou uma campanha amplamente criticada de selos inspirados em diferentes tons de pele, apenas três dias após seu lançamento, após críticas de que a ação perpetuava o racismo.

    O serviço postal administrado pelo governo estreou na semana passada os “Selos da Igualdade”, uma coleção de quatro selos que representavam diferentes cores de pele. 

    O mais claro dos selos custava € 0,90 a mais do que o selo mais escuro – uma diferença de preço com objetivo de refletir o valor que os espanhóis dão às pessoas com base na cor da pele, de acordo com o material da campanha publicitária.

    A reação online, no entanto, foi extremamente negativa. Milhares de usuários no Twitter criticaram a campanha em seu lançamento, chamando-a de deslocada ou “acidentalmente racista”. Muitos usuários expressaram surpresa pelo fato de um serviço administrado pelo governo aprovar tal produto.

    As vendas dos selos foram completamente encerradas na manhã de sexta-feira (28), disse um porta-voz dos Correos à CNN. Ele disse que os correios “não farão comentários” sobre as críticas que a campanha recebeu.

    Questionado se o fim da campanha foi uma reação a essas críticas, ele disse à CNN: “Não é bem assim”. “Correos é uma empresa anti-racista”, disse o porta-voz, que observou que a empresa não costuma especificar quando uma campanha vai terminar.

    Selos pretendiam refletir ‘realidade injusta e dolorosa’

    A campanha foi lançada durante o esforço da União Europeia em promover o Mês Europeu da Diversidade, especificamente na marca de um ano do assassinato de George Floyd. 

    O Correos fizeram parceria com a Federação Espanhola SOS Racismo, uma organização sem fins lucrativos, na campanha, informou o serviço postal em um comunicado à imprensa.

    Para promover os “Selos da Igualdade”, os Correos contaram com a ajuda do rapper afro-espanhol Domingo Edjang Moreno, mais conhecido como El Chojin. Em um anúncio em inglês da coleção, Moreno diz que os selos “refletem uma realidade injusta e dolorosa que nunca deveria existir”.

    Dos quatro tons dos “Selos da Igualdade”, o mais claro custava € 1,60 euro (cerca de R$ 10,20), enquanto o selo do tom mais escuro custava € 0,70 euro (cerca de R$ 4,45).

    “Quanto mais escuro o selo, menor seu valor”, disse Moreno no anúncio. “Isso significa que você precisará de mais selos pretos do que brancos para sua entrega. Dessa forma, cada carta e cada pacote serão um reflexo da desigualdade gerada pelo racismo – um protesto.”

    Os críticos da Correos viam os selos como uma propagação do racismo, em vez de uma forma de combatê-lo. 

    Embora o anúncio tenha descrito a coleção como um ato de protesto, “exigindo que a cor não determine o valor que atribuímos à vida de uma pessoa”, a campanha acabou ofendendo as pessoas negras na Espanha, a quem o anúncio visa, disse Antumi Toasijé, presidente do Conselho para a Eliminação da Discriminação Racial ou Étnica.

    “Uma campanha que indigna aqueles que afirma defender é sempre um erro”, tuitou Toasijé na semana passada, quando pediu que a empresa suspendesse a campanha.

    A CNN entrou em contato com Moreno para comentar a campanha. Um porta-voz da SOS Racism disse que a organização está “ciente da polêmica” em torno dos selos e está decidindo seus próximos passos.

    (Texto traduzido; leia o original em espanhol)

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