À CNN, presidente sérvio diz que “não tem controle” sobre manifestantes
Em entrevista à âncora Isa Soares, Alexsandar Vucic defendeu o direito dos sérvios que vivem no norte do Kosovo de protestarem contra a posse de prefeitos de etnia albanesa
Em meio à escalada de tensões no norte do Kosovo, o presidente da Sérvia, Alexsandar Vucic, voltou a defender o direito de as populações sérvias da região protestarem contra a posse de quatro prefeitos de etnia albanesa, em uma eleição controversa e alvo de forte boicote. No entanto, ele afirmou que “não tem controle” sobre os atos. A declaração foi feita na tarde desta quarta-feira (31), para a âncora da CNN, Isa Soares.
“Eu não tenho nenhum tipo de controle (sobre os protestos), mas tenho respeito pela luta deles”, afirmou. “Eles estão lutando por direitos básicos: estabilidade, paz, por manter seus nomes e sobrenomes”, afirmou na entrevista à CNN.
A Sérvia nunca reconheceu a independência do Kosovo, embora os dois países tenham encerrado as hostilidades em 1999. O fato de uma grande população de sérvios viverem no norte kosovar faz com que a paz seja delicada na região.
Vucic afirmou que é favorável a uma conversa com agentes mediadores, como Estados Unidos e União Europeia, mas faz ressalvas: “Não precisamos de fiscalização, precisamos de paz”.
As tensões no norte do Kosovo atingiram um ponto de fervura após a realização de eleições para quatro cidades da região. O pleito não foi reconhecido pelos sérvios, que compõem a maioria da população nesses municípios, que decidiram boicotar o pleito. Mesmo esvaziadas, as eleições foram realizadas e os vencedores, todos de origem albanesa, proclamados pelo governo do Kosovo.
Nos últimos dias, os prefeitos eleitos se prontificaram a assumir seus cargos, mas têm sido impedidos pelos moradores sérvios. Os novos governantes só conseguiram chegar aos seus locais de trabalho com intervenção da polícia do Kosovo, com o apoio de forças de paz da Otan.
Vucic afirmou que a gestão das eleições foi feita de forma irregular. “Os sérvios já participaram de outras quatro eleições (desde o fim da guerra) e nunca houve problemas”.
Ele afirmou que está disposto a retomar as conversas sobre a situação do Kosovo, mas impõe como condição o fim dos conflitos nas cidades que, segundo ele, foram motivadas pela posse dos prefeitos. “Nós não violamos nenhuma resolução internacional.”
(Publicado por Fábio Mendes)