A China deve atuar no Oriente Médio para evitar aumento do preço do petróleo, diz professor à CNN
Leonardo Trevisan destaca o interesse chinês em manter o petróleo a preços baixos e sua provável atuação diplomática na região
A crescente tensão no Oriente Médio tem levantado preocupações sobre o papel de potências globais na região, especialmente da China.
Em entrevista ao Bastidores CNN, o professor de Relações Internacionais da ESPM Leonardo Trevisan analisou o cenário geopolítico atual e o possível envolvimento chinês nos conflitos da região.
Segundo Trevisan, o principal interesse da China no Oriente Médio é manter o preço do petróleo baixo.
“A China compra todo o petróleo iraniano que o mundo ocidental não compra pelas pressões às sanções americanas, que estão em vigor e, no caso do Irã, são brutais”, explicou o especialista.
Influência chinesa sobre o Irã
O professor destacou o controle significativo que a China exerce sobre o Irã: “A China fornece todos os insumos industriais para os iranianos. A China tem bastante controle sobre o Irã e, é claro, uma certa mão protetora”.
Trevisan minimizou a importância das declarações do presidente russo, Vladimir Putin, que fez críticas aos Estados Unidos, afirmando que perderam o controle no Oriente Médio.
O especialista argumentou que a Rússia, envolvida no conflito com a Ucrânia, não tem força para dividir seus esforços militares neste momento.
Diplomacia chinesa em ação
“A ação diplomática chinesa é muito mais forte”, afirmou Trevisan, lembrando o papel da China na recente aproximação entre Irã e Arábia Saudita.
“Essa foto inesquecível do aperto de mãos entre o chanceler iraniano e o chanceler sunita, que eu nunca imaginaria ver no mundo, sunitas e xiitas na mesma mesa, tinha um personagem de pé na mesa, olhando feio pros dois, Xi Jinping. Esse tem força”, ressaltou.
O professor concluiu que a China provavelmente atuará para evitar que a situação saia do controle e o preço do petróleo dispare.
“O preço do petróleo alto significa fim de bons negócios pros chineses, com o mundo todo com as suas exportações. A China não quer nem ouvir falar nisso”, finalizou Trevisan.