11 coisas que descobrimos na entrevista explosiva de Harry e Meghan
Divisão real, racismo e lutas familiares foram algumas das revelações mencionadas durante a conversa com Oprah Winfrey
Aconteceu a entrevista temida por alguns no Palácio de Buckingham — mas a discussão do Príncipe Harry e Meghan, a duquesa de Sussex, com Oprah Winfrey foi mais reveladora, explosiva e potencialmente prejudicial para a família real do que muitos poderiam imaginar.
Alegações de racismo dentro da própria família e a admissão de Meghan de que teve pensamentos suicidas durante a gravidez se espalharam por jornais no Reino Unido.
Ao longo do especial de TV de duas horas, Harry e Meghan falaram com franqueza reveladora, entregando acusações e repreensões que superaram, incluindo a entrevista histórica da Princesa Diana mais de duas décadas antes.
Aqui está um resumo do que descobrimos com a conversa.
Meghan teve pensamentos suicidas
A duquesa já tinha dado a entender outras vezes que sua saúde mental foi prejudicada em sua passagem como membra da realeza sênior, mas, durante a entrevista com Winfrey, ela falou pela primeira vez sobre como a experiência foi severa.
Ela revelou que a vida dentro da família real era tão isolada e solitária, e que se sentia tão desamparada pela instituição, que pensou em suicídio enquanto estava grávida de seu filho Archie.
Meghan levantou essas questões com o palácio, mas se sentiu desprotegida por eles. “Fui à instituição e disse que precisava ir a algum lugar para buscar ajuda, expliquei que nunca havia me sentido assim […] e me disseram que não poderia, que não seria bom para a instituição”, destaca, acrescentando que procurou “uma das pessoas mais importantes” para expor as preocupações.
Foram enviados e-mails nos quais ela “implorava por ajuda”.
A duquesa contou a Harry sobre a provação porque “sabia que, se não dissesse, o faria — e simplesmente não queria mais estar viva”. Ela revelou seus pensamentos ao marido enquanto eles se sentavam nos degraus de sua casa. Horas depois, a dupla teve que comparecer a um evento em Londres. “Eu não posso ficar sozinha”, ela se lembrou de dizer a Harry, depois que ele sugeriu que ela ficasse em casa.
“Eu não estava preparado para isso”, enfatizou Harry durante a entrevista. “Eu estive em um lugar muito obscuro também. Eu queria estar presente para ela”. Todos os dias que ele voltava do trabalho após o nascimento de Archie, chegava para ver Meghan chorando enquanto amamentava seu filho.
Mas ele não abordou o assunto com outros membros da família. “Essa não é uma conversa que seria mantida […]. Acho que tive vergonha de admitir isso para eles […]. Para a família, eles têm essa mentalidade de: é assim que as coisas são”.
A duquesa também revelou que buscou uma amiga não identificada da mãe de Harry, a princesa Diana, para falar sobre suas lutas. “Eu não sabia a quem recorrer nisso. E uma das pessoas que eu procurei, que continua a ser uma amiga e confidente, era uma das […] melhores amigas de Diana. Quem mais poderia entender como é realmente por dentro?”.
‘Preocupações’ na família real sobre a cor da pele de Archie
Meghan disse que havia preocupação dentro da família real sobre o tom da pele de seu bebê, e Harry condenou seus parentes por não criticarem os dizeres coloniais na cobertura da mídia.
Ela relatou que, enquanto estava grávida, um membro não identificado da família levantou a questão de quão escura seria a pele de Archie.
Houve várias “preocupações e conversas sobre o quão escura sua pele poderia ser quando ele nasceu”, disse ela, em uma das revelações mais impressionantes da entrevista.
“Isso foi trazido a mim por Harry. Essas conversas, a família teve com ele”, acrescentou Meghan, recusando-se a revelar quem estava envolvido nas discussões. “Isso seria muito prejudicial para eles”.
“Essa conversa, eu nunca vou compartilhar”, disse Harry. “Na época, foi estranho, fiquei um pouco chocado”.
Quando Winfrey perguntou se o príncipe poderia compartilhar as perguntas feitas durante a conversa, ele recusou, pontuando: “Não me sinto confortável em compartilhar isso”.
“Mas foi logo no início”, acrescentou. “Como serão as crianças? Isso foi no começo, quando ela não ia conseguir segurança, quando minha família sugeriu que ela continuasse atuando [porque não haveria dinheiro para ela]”.
Em outra parte da transmissão, Harry também criticou a realeza por não a apoiar quando os legisladores apontaram “tons coloniais” na maneira como Meghan foi coberta pela imprensa britânica.
Harry e Meghan se sentiram ‘presos’ na família
“Meu pai e meu irmão estão presos” disse Harry, levantando o véu sobre as restrições extremas que o casal sentia como membros da Família Real. “É um ambiente de armadilhas em que muitos deles estão presos”, acrescentou em outro ponto da transmissão.
A dupla falou várias vezes sobre essas limitações, relacionando-as com a relação com a mídia, a saúde mental e a liberdade pessoal.
Harry disse que não poderia ter deixado a família se não tivesse conhecido Meghan: “Eu estava preso, mas não sabia que estava preso”. A respeito de seus parentes, acrescentou que “eles não podem ir embora”, dizendo que estão “presos no sistema” e que ele tem “grande compaixão por isso”.
Quando Meghan se juntou à família, “aquela foi a última vez, até virmos [para os Estados Unidos], que vi meu passaporte, minha carteira de motorista, minhas chaves. Tudo isso é entregue”.
“Eu não poderia chamar um Uber para o palácio”, ela brincou em um ponto.
Meghan também relatou que nunca recebeu orientação sobre as formalidades do papel. “Ao contrário do que você vê nos filmes, não há aula de como falar, como cruzar as pernas, como ser da realeza”. Ela descreve que procurava no Google as palavras do hino nacional britânico à noite para evitar causar vergonha à família.
Os detalhes por trás de sua separação da realeza
Winfrey perguntou a Harry se eles pararam de trabalhar como membros da família real porque estavam pedindo ajuda e não conseguiam. “Sim, basicamente”, revelou o príncipe. Mas o casal insistiu que “nunca deixou” a família e apenas se afastou de seus papéis oficiais.
“Falta de apoio e falta de compreensão” foi a razão mais simples pela qual eles saíram.
Mas Harry rebateu as histórias do ano passado de que surpreenderam a Rainha ao não contar a ela seu plano até que se tornasse público.
“Eu nunca agi pelas costas da minha avó, tenho muito respeito por ela”, disse. Questionado sobre a origem dessa história, ele destacou: “Provavelmente veio de dentro da instituição”.
Meghan lembra de ter dito à realeza que “isso não estava funcionando para ninguém”.
“Minha maior preocupação era a história se repetindo”, argumenta Harry, acrescentando que viu as circunstâncias que afetaram sua mãe, Diana, se desenrolando novamente – mas de forma mais perigosa, dado que o racismo e as redes sociais aumentaram seus desafios.
Os dois disseram que sugeriram se mudar para um país da Comunidade das Nações (união de países que são submetidos ao Reino Unido, Commonwealth em inglês) e continuar a apoiar a monarquia quando necessário, mas acabaram se estabelecendo nos Estados Unidos depois que sua segurança foi removida.
“Recebi a confirmação de que não, o risco não tinha mudado”, disse Harry. Devido à mudança de status, sua proteção seria revogada de qualquer maneira. Na época, a questão de quem forneceria a segurança do casal foi amplamente divulgada, sendo um fator decisivo na decisão de se mudarem do Canadá, onde permaneceram temporariamente, para a Califórnia.
Relacionamento com a Rainha e os Príncipes Charles e William
Poucos membros seniores da família real foram retratados positivamente na entrevista, mas a Rainha foi a exceção.
A dupla falou com a monarca várias vezes desde a mudança para os Estados Unidos, e também a informou sobre a decisão de deixar os cargso de membros da realeza. “Minha avó e eu temos um relacionamento muito bom e tenho um profundo respeito por ela”, disse Harry.
Mas ele admitiu que o relacionamento com seu irmão, o Príncipe Wiliam, e seu pai, o Príncipe Charles, são muito mais tensos.
“Tive três conversas com minha avó e duas conversas com meu pai, antes dele parar de atender minhas ligações”, disse Harry, relembrando os eventos em torno de sua decisão de partir no ano passado.
“Há muito o que trabalhar por lá. Eu me sinto muito decepcionado, porque ele viveu algo parecido – ele sabe como é a dor, e Archie é seu neto”, complementa.
“Mas, ao mesmo tempo, é claro, sempre vou amá-lo”. Harry acrescenta que uma de suas prioridades era consertar o relacionamento com o pai.
Ele também deu a entender que tentou revelar aos familiares as limitações da vida real que havia descoberto: “Tentei educá-los”.
Perguntado por que Charles não atendia ao telefone, Harry sugeriu que seria porque ele “decidiu resolver o problema por conta própria”.
Virando-se para seu irmão, Harry disse: “Eu amo William demais, ele é meu irmão, passamos por um inferno juntos […] mas estamos em caminhos diferentes”. Ele acrescentou que “a relação é dar espaço no momento” e que “o tempo cura todas as coisas – espero”.
“Minha família literalmente me cortou financeiramente” no primeiro trimestre de 2020. Uma mudança que exigiu seus lucrativos negócios de mídia com a Netflix e o Spotify.
Meghan viu algumas manchetes sobre ela
Winfrey apresentou a Meghan uma série de manchetes sobre ela na mídia britânica, contrastando-as com histórias muito mais positivas sobre sua cunhada, Catherine, duquesa de Cambridge.
Em um exemplo, Winfrey leu uma história sobre comer abacates que dizia que a fruta estava “ligada à escassez de água, desmatamento ilegal e devastação ambiental” – enquanto uma história separada simplesmente relatava que Kate os estava comendo para ajudar com os enjoos matinais.
“Essa é um assunto realmente carregado”, respondeu Meghan, admitindo que viu a história.
A dupla mirou na imprensa britânica na entrevista, como já fizeram em várias ocasiões. E Harry disse que o palácio está com “medo” de sua cobertura da mídia, o que significa que eles tiveram pouca liberdade enquanto parte da família.
“Para simplificar, é o caso de você, como um membro da família, estar disposto a beber vinho, jantar e dar acesso total a esses repórteres, então você conseguirá uma mídia melhor”, disse Harry.
“Por que você se preocupa com uma melhor imprensa se você é da realeza?”, perguntou Winfrey.
“Acho que todos precisam ter alguma compaixão por eles nessa situação […] há um nível de controle pelo medo que existe há gerações”, respondeu Harry.
Mas os tons raciais de algumas reportagens tornaram tudo mais do que uma “fofoca maliciosa”, disse o príncipe. “Trouxe à tona uma parte das pessoas que era racista e foi acusada […] e isso mudou a ameaça, mudou o nível para ameaças de morte, o que mudou tudo”.
Kate fez Meghan chorar, não o contrário
Meghan foi questionada sobre histórias na mídia britânica de que ela fez sua cunhada chorar enquanto se preparava para seu casamento com Harry. Essas histórias foram amplamente publicadas em muitos tabloides e foram emblemas de acusações da mídia sobre o comportamento de Meghan com a realeza e funcionários.
Mas a realidade era “o contrário”, disse Meghan. Kate a fez chorar durante uma discussão sobre a cerimônia, e meses depois a história incorreta apareceu na mídia.
Meghan disse que Kate lhe deu flores e se desculpou, e que a perdoou, acrescentando que “ela é uma boa pessoa”.
Mas, segundo Meghan, o relato do incidente foi um “ponto de virada” na experiência deles.
“Se você a ama, não precisa me odiar”, disse Meghan, incitando a não colocarem as duas duquesas uma contra a outra.
Meghan ligou para a Rainha sobre o Príncipe Philip
Segmentos da transmissão, em que Winfrey percorreu pela casa do casal, foram filmados horas depois que o Príncipe Philip foi internado em um hospital no mês passado.
“Esta manhã acordei mais cedo do que Harry e vi um bilhete de alguém de nossa equipe no Reino Unido, dizendo que o duque de Edimburgo fora para o hospital”, disse Meghan a Winfrey.
“Eu logo peguei o telefone e liguei para a Rainha, apenas para verificar”, acrescentando que a capacidade de fazer isso livremente não teria existido na configuração real.
O marido da rainha, de 99 anos, passou três semanas no hospital e foi submetido a um procedimento cardíaco.
O único arrependimento dela
Meghan disse que seu único arrependimento é “acreditar neles quando disseram que eu seria protegida”.
“Agora, porque estamos realmente do outro lado, não apenas sobrevivemos, mas estamos prosperando”, acrescentou Meghan, comparando a situação do casal hoje com o tempo em que trabalhavam como membros da realeza.
Harry não se arrepende da maneira como eles foram embora. “Estou muito orgulhoso de nós”, disse. “Estou tão orgulhoso de minha esposa. Ela deu à luz Archie com segurança durante um período de tempo que foi tão cruel, tão mau”.
‘É uma menina’
O casal revelou que seu segundo filho será uma menina.
“Incrível, apenas grato”, disse Harry, descrevendo seus sentimentos. “Ter qualquer filho, qualquer um ou dois, teria sido incrível. Mas ter um menino e depois uma menina, o que mais você poderia querer?”.
Mas eles não tentarão ser pais pela terceira vez. “Dois é o suficiente”, enfatizou Meghan. A filha do casal deve nascer no verão norte-americano.
A dupla revelou em fevereiro que estava esperando outro filho, após ter sofrido um aborto espontâneo no ano passado.
Suas vidas hoje
Harry disse que ter espaço ao ar livre foi um grande benefício durante os bloqueios na Califórnia, para onde eles se mudaram pouco antes do início da pandemia.
Levar Archie para fora é sua atividade favorita. “O ponto alto para mim é colocá-lo na garupa da bicicleta” – algo que ele nunca foi capaz de se divertir quando criança.
“Hidratar” foi a palavra favorita de Archie, disse Meghan. Ela encerrou a entrevista descrevendo suas vidas hoje como “maiores do que qualquer conto de fadas que você já leu”.
A CNN entrou em contato com a família real para comentar o assunto, mas não obteve resposta.
(Texto traduzido. Leia o original em inglês).