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      Claudia Woods - CEO da WeWork na América Latina

      Claudia Woods é CEO da WeWork na América Latina. Woods tem uma trajetória consolidada como empreendedora no mercado digital brasileiro.

      Sua última posição foi Diretora Geral da Uber no Brasil e previamente atuou como CEO da WebMotors, e-commerce de automóveis que pertence ao Grupo Santander. Além disso, foi do primeiro time do Banco Original e também da Predicta, agência online disruptiva no mercado brasileiro.

      Claudia é graduada em Economia pelo Bowdoin College, nos Estados Unidos, e tem um mestrado em Marketing e Estratégia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 2020, Woods foi nomeada uma das mulheres mais poderosas do Brasil pela Forbes e umas das 500 pessoas mais influentes da América Latina pela Bloomberg por dois anos consecutivos, 2021 e 2022. Dedicada à defesa dos direitos da mulher, ela liderou um projeto de sucesso para aumentar a presença feminina na plataforma da Uber e tem como um de seus objetivos de carreira promover a participação igualitária de mulheres em conselhos executivos.

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    Por mais mulheres em jantares de trabalho em segundas-feiras à noite

    Como CEO da WeWork na América Latina, conhecer profundamente cada um dos nossos seis mercados é um dos meus desafios mais interessantes e, ao mesmo tempo, um dos mais complexos. Como é comum dizer no mundo dos negócios, “a América Latina não é para amadores”. Por isso, investir tempo para interagir com os times de cada mercado é uma necessidade. 

    Geralmente, minhas viagens são rápidas e intensas. Como uma mulher que trabalha e é mãe, esse foi o melhor formato que encontrei para conciliar o tempo em que estou com meu parceiro e filhos,  com aquele que dedico ao trabalho quando estou longe de casa.

    Recentemente, estive em uma viagem a trabalho para a Argentina, um mercado em ascensão que, seguindo a tendência da região, cresceu seu número de membros (clientes) em 24% desde o final de 2021, sendo 60% do total empresas com mais de 500 funcionários.

    Como sempre nessas situações, os dias são longos e as noites preenchidas com jantares, happy hours e momentos de interação com os times para conhecê-los melhor e compartilhar risadas. Mas, depois de 25 anos trabalhando em empresas de tecnologia e tendo jantares com lideranças semanalmente, o jantar dessa viagem foi particularmente especial, a ponto de me fazer acordar às 5h, sentindo urgência em escrever sobre essa experiência quase rara em minha trajetória profissional.

    Na ocasião, estive em uma mesa com 10 líderes mulheres que representam mais de 50% da nossa liderança na Argentina. Isso, por si só, já seria um motivo para celebrar. Mas, conforme a noite avançava, começamos a discutir nossas escolhas a respeito da maternidade. Algumas não têm filhos, outras talvez nunca queiram vir a tê-los. Algumas acordam durante a noite para amamentar, enquanto outras tantas estão solteiras e aproveitando longas noites de sono. Havia ainda mulheres que, como eu, têm filhos adolescentes e ganharam o privilégio de se tornarem madrastas, vivendo as maravilhas de ter crianças por perto novamente. Nessa mesa, pelo menos três tinham congelado seus óvulos e, conforme admitimos, algumas de nós, mulheres mais velhas, gostaríamos de ter tido essa opção. 

    Fomos extremamente sinceras sobre nossas escolhas e estávamos empolgadas por estarmos discutindo algo que, por unanimidade, entendemos ser preciso falar mais a respeito. Também discutimos os benefícios corporativos relacionados à saúde que nós, enquanto líderes, oferecemos aos colaboradores.

    Em determinado momento da noite, não pude evitar de perceber algumas coisas. Em um evento de trabalho, éramos dez das 20 pessoas à mesa liderando uma empresa de proptech em uma das regiões mais complexas do mundo. E passamos a noite toda conversando sobre filhos, fertilidade e os desafios do equilíbrio da vida profissional. Mas o mais importante: nós falamos sobre escolhas. Os homens presentes no jantar estavam com olhares confusos e fascinados (eu acho) por esse momento épico: assim como era inédito para mim, provavelmente estava sendo para eles. Desta vez, eles não eram os protagonistas à mesa.

    Fomos 100% honestas umas com as outras. Éramos mulheres em posições de liderança, mães, esposas, namoradas, filhas que, finalmente, tinham companhia à mesa em um jantar de trabalho em uma segunda-feira à noite. Mas, cenários como esse não acontecem espontaneamente. É preciso transformações culturais e estruturais que atravessem todas as áreas e posições em uma companhia. A diversidade, não apenas de gênero, mas em todas as suas acepções, precisa se tornar uma meta dentro das empresas, como qualquer outra. Caso contrário, momentos como o que eu tive o privilégio de experienciar continuarão chamando a atenção por sua raridade. 

    Espero que segundas-feiras como a que eu tive deixem de ser um privilégio e uma exceção para se tornarem cada vez mais comuns na vida das mulheres que assim escolherem, em todos os países da América Latina e do mundo.

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