O entretenimento como uma via para a manifestação da experiência humana
Quando me perguntam sobre o futuro do entretenimento provavelmente esperam que eu vá listar tendências, citar dados de consumo ou falar das transformações que a tecnologia está gerando na indústria.
É compreensível que seja essa a expectativa, afinal, atuo há 23 anos no mercado do entretenimento.
Mas a verdade é que esse não é o recorte que me emociona, tampouco o que me move.
E todas as vezes que me questionam sobre as inovações da área, eu imediatamente recuo ao final dos anos 80, e reconheço presente e futuro no clássico “Comida”, dos sábios Titãs: “… A gente não quer só comida. A gente quer comida, diversão e arte. A gente não quer só comida. A gente quer saída para qualquer parte.”
O que é o entretenimento se não uma via para a manifestação de uma experiência humana de alegria, celebração, inspiração e até de transformação?
Talvez essa lente seja muito profunda para alguns. Mas não para alguém como eu, formada por uma escola como o Rock in Rio, que muito mais que um festival de música, é um ecossistema de experiências concebidas nos mínimos detalhes para criar memórias afetivas em pessoas. Em milhões de pessoas que vivem momentos únicos, de magia e de catarse coletiva nas nossas Cidades do Rock.
É claro que estamos atentos e utilizamos as inovações tecnológicas. Observamos tendências. Inclusive, criamos muitas delas. Adaptamo-nos constantemente às novas formas de comunicação. Estamos sempre nos reinventando e subindo mais um pouco a nossa própria barra.
Mas tudo o que envisionamos, criamos e materializamos tem uma simples, porém potente motivação: proporcionar experiências memoráveis para o nosso público.
Quando esse é o objetivo, todo o resto vira meio.
Acredito na ressignificação da experiência do entretenimento, do consumo, da comunicação, da educação.
Na verdade, cada edição do Rock in Rio demonstra isso com seus conteúdos que vão muito além da música, como o Espaço Favela e o Palco Sunset que destacam a inclusão e a diversidade ou a Nave, que nos faz pensar sobre o pilar ambiental da sustentabilidade ou o musical Uirapurú que deixa um convite às pessoas para se reconectarem com a natureza.
Com o The Town não será diferente: experiências além dos shows estarão em toda a Cidade da Música, como num musical cuja mensagem principal é incentivar as pessoas a acreditarem nos seus sonhos e partirem em busca da sua realização; ou no Factory, um espaço inspirado nas antigas zonas industriais de São Paulo, onde a arte urbana e a street dance serão protagonistas.
E foi nesse caminho da experiência com significado, que criamos uma unidade de experiências de aprendizagem, que une o entretenimento à educação, com projetos como o Rock in Rio Academy by hsm, o Rock in Rio Humanorama e, mais recentemente o The Town Learning Journey by hsm, entre outros.
Seja para estudar a operação do Rock in Rio e do The Town, entrando nas nossas estratégias de comunicação, parcerias, produção e gestão de talentos ou seja para embarcar no Humanorama, o nosso festival de conversas sobre temas urgentes da sociedade, acredito fervorosamente que a música, arte e o entretenimento são meios poderosos para a inspiração, a mobilização e a transformação de pessoas e instituições.
Música, arte e entretenimento são potentes ferramentas sociais acima de qualquer coisa. São forças unificadoras. E capazes de despertar almas adormecidas, de tão cansadas do corre do dia-a-dia. Isso é tão claro para mim que quando me perguntam o que eu espero para o futuro da minha indústria, o meu primeiro e mais verdadeiro impulso é responder que trabalho todos os dias para que esta seja cada vez mais um caminho real de “saída para qualquer parte” de um mundo melhor para todos nós, com grandes camadas de magia e de inspiração para fazermos acontecer os nossos sonhos.
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