Eventos adversos, eleições e a tecnologia
Após a pandemia penalizar os varejistas por mais de dois anos, quando estamos diante de incertezas de mercado aprendemos que esses fenômenos exigem maior adaptabilidade e novas estratégias de negócio para driblar os impactos negativos de eventos adversos. Antes de continuar, é preciso entender que aqui falamos de ocorrências que não conseguimos prever, antecipar e que na maioria das vezes são indesejáveis.
Como vivenciamos, esses eventos podem atrapalhar as vendas do varejo por impactar diretamente nos hábitos ou orçamento dos consumidores, que acabam tendo de fazer escolhas difíceis e priorizar gastos essenciais no período. Algo que, infelizmente, poderemos ver nos próximos meses, principalmente por causa das eleições, que tendem a impactar na economia por gerar insegurança em diversos indicadores e nas ações de toda a sociedade.
Um ponto crucial para passar pela adversidade e diminuir efeitos nocivos no empreendimento, é ter uma boa estrutura financeira, principalmente de reserva de emergência no caixa, pensada para manter o negócio rodando – e isso é extremamente desafiador no Brasil, reconheçamos. Mas é inerente ao empreendedor aprender com o passado, como ocorreu com a pandemia, por exemplo, e blindar o seu negócio.
Outro ponto importante é entender se o evento vai afetar sua demanda ou oferta e direcionar os esforços ao que está ao seu alcance. No caso da demanda, seu negócio pode atender outro perfil de cliente que não foi afetado? Você pode oferecer descontos e mais prazo de pagamento? Do lado da oferta, existem mais fornecedores para comprar seus insumos? É possível substituir a matéria-prima? Essas são algumas perguntas simples que podem gerar ações para combater o imprevisto.
Em outubro, vamos mais uma vez às urnas para exercer o nosso papel de cidadãos. As eleições em si não são uma surpresa, mas cada processo eleitoral tem configurações e contextos totalmente diferentes, e é aqui que as incertezas e os eventos indesejáveis podem tomar forma. Falando de demanda, da procura pelo produto ou serviço do varejista, empresas que estão construindo uma marca forte e que dominam o processo de atração de clientes e vendas certamente sofrerão menos. O que lojistas precisam se perguntar é: sei de onde o meu cliente me conhece? De onde ele veio? Eu trabalho com mais de um canal de atração e vendas ou dependo de apenas um? Caso a resposta seja negativa para alguma dessas perguntas, esse é o momento ideal para alterar essa realidade.
Agora, falando de oferta, o lojista também precisa entender como é a sua estrutura de custos e fornecedores para saber como cada item se comporta diante de eventos adversos. Algumas perguntas que podem ser feitas internamente: dos meus principais recursos, meus fornecedores são confiáveis e temos uma relação saudável? Meu negócio tem muita relação com o dólar? Consigo antecipar estoques a um custo mais baixo?
Quanto ao consumidor, apesar das especulações que acontecem durante as eleições afetarem o cliente, o bom atendimento é o que mantém a boa experiência intacta. Quem oferecer comodidade, disponibilidade e personalização sempre terá cliente batendo à porta.
O objetivo, nesse caso, é mudar a forma de pensar e buscar melhorar o atendimento, mas isso só pode ser feito a partir de uma estrutura de armazenamento e análise de dados sobre o relacionamento com o cliente. Um exemplo que está se popularizando é o sistema de vendas (PDV) ou de software de gestão de relacionamento com clientes (CRM), que pode ter exatamente essa função.
Os desafios do varejo não se resumem às dificuldades econômicas e políticas, o pequeno e médio empresário, por exemplo, sofre principalmente por ter uma gestão de caixa frágil e não ter planos de ação baseado em dados da sua empresa, por isso é fundamental contar com tecnologias que o ajudem a atender o cenário atual do seu negócio, tanto pelo lado da demanda, quanto da oferta. Para o primeiro, estamos falando, novamente, de PDV, relacionamento e cadastro de consumidores. Para o segundo, os chamados sistemas integrados de de gestão empresarial (ERPs) podem ser uma boa ferramenta para entender o comportamento dos insumos e recursos humanos.
O segundo semestre deste ano também conta com Black Friday, Copa do Mundo e Natal. Lojistas devem se apoiar nestas datas para reverter o cenário negativo e aproveitar a inclinação do consumidor brasileiro na busca de boas oportunidades de compra.
Uma boa opção é apostar na personalização de ofertas, condições de pagamento e produtos para cada uma das ocasiões. Para a Black Friday, por exemplo, o lojista pode combinar produtos que são complementares no uso para o cliente e fazer promoções; na Copa do Mundo, produtos que carreguem as cores do Brasil ou organizar eventos de confraternização (no caso de bares e restaurantes); para o Natal, lançar novos produtos e fazer novas combinações. Mas, para fazer isso com êxito, o empreendedor precisa de dados do seu negócio e de consumo dos seus clientes. Isto é, apostar no melhor da tecnologia para traçar estratégias e alcançar objetivos.
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