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      Arnaldo Jardim - Deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Economia Verde

      Arnaldo Jardim é engenheiro civil (POLI-USP), sendo homenageado como engenheiro agrônomo honorário pela AEASP (Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de SP). Está em seu quinto mandato como deputado federal pelo estado de São Paulo, onde foi secretário de Habitação (1992/1994), secretário de Agricultura e Abastecimento (2015/2018) e Presidente do CONSEAGRI – Conselho Nacional de Secretários da Agricultura (2015/2016). Foi também deputado estadual por quatro mandatos.

      Na Câmara Federal, é vice-presidente nacional da FPA (Frente Parlamentar Agropecuária), presidente da Frencoop (Frente Parlamentar do Cooperativismo), da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo e da Frente Parlamentar da Economia Verde. Também preside a Comissão Especial de Transição Energética e Produção de Hidrogênio Verde. É o relator do projeto de lei do Combustível do Futuro.

      Anteriormente, entre diversas matérias, foi relator da Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (Lei 12.305/2010) e da Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais – PSA (Lei 14.119/2021).

      É autor do Projeto que criou o Fundo de Investimentos do Setor Agropecuário – FIAGRO (Lei 14.130/2021) e, também, da Nova Lei do Cooperativismo de Crédito (LC 196/2022).

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    Etanol se consolida

    Com a aprovação do PL 4516/23, do Combustível do Futuro, que tive a honra de relatar, o percentual obrigatório de adição de etanol à gasolina poderá chegar a 35%.

    Não é de hoje que o Brasil utiliza o etanol como combustível. Na década de 1920, por exemplo, um carburante conhecido como Azulina – 85% de etanol e 25% de éter-, chegou a vender 450 mil litros por ano na região Nordeste. Uma década depois, na Revolução de 30, um combustível à base de álcool e óleo de mamona foi utilizado em locomotivas e aviões pelos insurgentes paulistas. Durante a segunda guerra mundial, o biocombustível substituiu boa parte da gasolina consumida no país.

    O verdadeiro impulso, entretanto, veio com a 1ª crise do petróleo, época na qual importávamos 70% do óleo consumido. Diante de um possível apagão energético, o Brasil resolveu estimular a produção e o uso do etanol – nascia o Proálcool. Um programa pioneiro no mundo, dada a sua magnitude, e que se tornou, até hoje, a melhor alternativa sustentável para substituir os combustíveis fósseis.

    É certo que o programa passou por altos e baixos. Na década de 1980, era um sucesso, com 60% dos veículos vendidos eram movidos a álcool. Logo depois, com a queda dos preços do petróleo, interesse do mercado voltou-se para automóveis à gasolina e o biocombustível foi praticamente abandonado. O ressurgimento veio a partir de 2003, com a chegada da tecnologia flex e, principalmente, na esteira da discussão mundial a respeito das mudanças climáticas, que alterou o olhar sobre a política energética mundial.

    Se antes, o importante era garantir um suprimento de energia em quantidade suficiente e a preços acessíveis, a discussão sobre o aquecimento global inseriu, nessa equação, a observância obrigatória dos impactos ambientais de cada fonte, de cada combustível, especialmente as emissões dos Gases de Efeito Estufa – GEE’s. E nesse contexto, o Etanol mostra o seu potencial.

    Teste realizado pela Stellantis, em parceria com a Bosch, comparou 4 fontes distintas de energia utilizados por um automóvel em um percurso simulado de 240 quilômetros. Considerando o ciclo de vida completo do veículo, também conhecido como do “berço ao túmulo”, o carro à gasolina (E27) emitiu 60,64 kg CO2eq, enquanto o carro 100% elétrico carregado com energia europeia, 30,41 kg CO2eq.

    O carro 100% a etanol emitiu 25,79 kg CO2eq, perdendo, nesse comparativo, apenas para um carro 100% elétrico alimentado com energia brasileira (21,45 kg CO2eq.), cuja matriz é reconhecida pela elevadíssima participação de fontes renováveis.

    Essa redução pode ser ainda maior com a utilização do Etanol Celulósico, conhecido como de 2ª geração (E2G), produzido a partir de resíduos da produção, especialmente o bagaço da cana. Se o E1G reduz as emissões de GEE’s em 60% quando comparado à gasolina, o E2G é ainda mais limpo, reduzindo essas emissões para patamares acima de 90%. E tudo isso sem ocupar um único hectare a mais para o plantio.

    Esse poder descarbonizante pode ser aproveitado ainda em outros modais de transporte. Obrigada a reduzir as emissões em 50% até 2050, a aviação civil aposta todas as suas fichas no Combustível Sustentável de Aviação, ou SAF (da sigla em inglês Sustainable Aviation Fuel) e uma das principais rotas de produção é a Alcohol-to-Jet, ou AtJ, que utiliza o biocombustível como matéria prima. O uso do SAF pode reduzir a pegada de carbono das operações aéreas entre 70% e 90% em comparação ao uso do querosene fóssil.

    Na cadeia produtiva do Etanol ainda podem ser gerados o Biometano, que tem especial vocação para mitigar as emissões no setor de carga pesada e de equipamentos agrícolas; o Diesel Verde, um substituto drop-in do diesel fóssil; o combustível marítimo, ou biobunker; e, principalmente, o hidrogênio, considerado o vetor energético do futuro e que alimentará as células de combustíveis para além de 2050.

    Não por acaso, países estão incluindo o Etanol em suas estratégias de combate às mudanças climáticas, como, por exemplo, a Índia, onde a percentagem do anidro na gasolina passará dos atuais 10% para 20% em 2024. Já são 60 os países que adotam mistura obrigatória nos combustíveis.

    No Brasil, o aumento da mistura será feito de forma gradual, com previsibilidade e transparência, sempre precedido de avaliação técnica da qual participe a indústria automotiva, como o estudo que será conduzido pelo grupo de trabalho, criado pela Portaria nº 59/MME, para avaliar a viabilidade de aumentar dos atuais 27% para 30%. O principal é garantir segurança aos consumidores.

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