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      Gesner Oliveira - Economista, professor da FGV e ex-presidente da Sabesp

      Geisner Oliveira é economista, professor da FGV, onde coordena o Centro de Estudos de Infraestrutura & Soluções Ambientais, sócio da GO Associados e ex-presidente da Sabesp.

      Possui graduação em Economia pela Universidade de São Paulo, mestrado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e doutorado em Economia – University of California System.

      Geisner também é membro do Conselho de Administração e do Comitê de Conformidade da Braskem, membro do Conselho de Administração da TIM e neste Conselho preside o Comitê de Auditoria Estatutário. Também é membro do Comitê de ESG da TIM, presidente do Conselho de Administração e membro do Conselho Fiscal da ESTRE Ambiental, membro do Conselho de Administração da IGUÁ e membro do Comitê de Autorregulação da FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos.

       

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    Eleições 2022

    Economia vacinada contra a política

    Há vinte anos, o então chamado “risco Lula” de uma vitória do candidato do PT nas eleições presidenciais de 2002 levou o dólar a um valor recorde de R$ 8,00, quando se corrige pelo diferencial entre inflação doméstica e internacional. Em contraste, o mercado cambial e a bolsa estão menos sensíveis aos possíveis resultados das
    eleições atuais. Mudou Lula ou a economia?

    A economia mudou em cinco aspectos relevantes. Primeiro, o cenário internacional tem tido um peso maior sobre as expectativas pela gravidade do choque da pandemia, seguido pela grande desorganização das cadeias produtivas e a eclosão da guerra da Ucrânia.

    Segundo, diferentemente das eleições passadas, o Brasil tem hoje um Banco Central independente. Isso retira uma parte da incerteza em relação ao futuro da política econômica. Ao contrário de disputas anteriores, não se especula sobre quem vai conduzir a política monetária.

    Terceiro, algumas mudanças institucionais relevantes para a infraestrutura, como as parcerias público-privadas e as concessões, estão razoavelmente consolidadas na jurisprudência. Além disso, marcos setoriais importantes, como o do saneamento ou das ferrovias, têm robustez jurídica. A constitucionalidade da nova lei do saneamento, por  exemplo, foi testada, e aprovada, no Supremo Tribunal Federal.

    Quarto, diferentemente da maioria das crises passadas e daquilo que ocorre com a Argentina, não há uma crise no balanço de pagamentos com o resto do mundo. Pelo contrário, o Brasil é credor externo líquido, detendo reservas internacionais de cerca de US$ 340 bilhões. Embora como uma economia emergente o Brasil não escape da volatilidade do valor de sua moeda, a forte posição externa, associada ao saldo comercial estrutural do agronegócio, atenua as oscilações do preço do dólar.

    Quinto, em contraste com a Colômbia, o Brasil já teve no passado recente maior alternância de poder e nesse  processo a sociedade aprendeu que uma mudança no Executivo não significa, necessariamente, uma mudança radical na correlação de forças políticas. Qualquer que seja o resultado das próximas eleições é provável que continue a polarização e um certo equilíbrio na correlação de forças distribuídas nos três poderes da República.

    A economia está definitivamente vacinada contra as oscilações da política? Os fatores acima sugerem que sim. Mas os desafios para a política econômica do próximo governo serão gigantescos.

    Será necessário encontrar fontes de financiamento consistentes para as despesas com programas sociais e para garantir um mínimo de investimento público necessário para complementar o investimento privado sobretudo na infraestrutura. Isso vai requerer a reconstrução de um regime fiscal capaz de assegurar estabilidade macroeconômica e permitir o crescimento  sustentável. Desde logo, será necessário executar o orçamento  resolvendo os problemas causados pelo orçamento secreto.

    Portanto, uma boa dose de reforço vacinal será necessária logo no início de 2023 para enfrentar a herança maldita do pós-pandemia, independentemente do vencedor da corrida de 2022.

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