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    Museu Metropolitano de Nova York vai devolver obras de arte africana à Nigéria

    Museus europeus também anunciaram que devolverão peças de bronz

    Helen Stoilas, da CNN

    Seguindo os movimentos recentes de museus europeus de retornar tesouros de arte africana à Nigéria, o Museu Metropolitano de Nova York anunciou nesta quarta-feira (10) que irá enviar três objetos de volta ao país.

    Duas das obras, um par de placas de bronze da Corte de Benin do século 16, de um “Chefe Guerreiro” e “Funcionário Júnior da Corte” foram doadas ao museu em 1991 pelo negociador de arte Klaus Perls e a esposa dele, Dolly, enquanto a terceira, “Cabeça de Ife”, foi oferecida ao museu recentemente para compra por outro colecionador.

    O museu decidiu retornar as obras depois de conduzir pesquisas em colaboração com o British Museum de Londres, com contribuições da Comissão Nacional da Nigéria de Museus e Monumentos (NCMM, na sigla em inglês). As duas placas eram parte de uma coleção de 153 peças de tesouros reais africanos que foram doados ao museu pelos Perls há 30 anos, que incluíam figuras de bronze, marfins de elefante esculpidos, máscaras, joias e instrumentos musicais.

    Explicando o interesse dele nesse tipo de obra ao jornal The New York Times em 1991, Klaus Perls disse: “Eu comecei a comprar arte africana simplesmente porque gostava de vê-la ao lado das obras de artistas da geração de Picasso, em quem me especializei como negociador. Pouco depois, minha predileção pela arte de Benin se manifestou e virou o único tipo de arte africana que continuei a comprar até que, sem perceber, se transformou numa coleção”.

    De acordo com o museu, as placas foram tiradas em 1897 do Palácio Real do Benin, onde fica a Nigéria atualmente, por forças militares britânicas e então, entraram na coleção do British Museum. Por volta de 1950 ou 1951, a instituição londrina as transferiu junto de 24 outros itens para o Museu Nacional em Lagos.

    As obras foram retiradas desse museu “em uma data desconhecida e em circunstâncias desconhecidas”, disse o Met em um comunicado à imprensa, e foram vendidas no mercado de arte internacional, onde foram adquiridas por Perls. Ambas as placas saíram do acervo do Met.

    O bronze ‘Cabeça de Ife’, entretanto, foi oferecido ao museu para compra por um colecionador que o museu não identificou. A obra do século XIV veio originalmente de Wunmonije Compound, próximo do palácio real em Ifé. Em 1938, um esconderijo com esculturas realistas criadas pelo povo iorubá foram descobertas em um projeto de construção no local. Enquanto a maioria foi para o Museu Nacional de Ifé, várias foram retiradas do país. Isso fez com que o governo nigeriano passasse a controlar mais fortemente a exportação de antiguidades.

    De acordo com o Museu Metropolitano de Arte, o indivíduo que ofereceu a cabeça “não sabia que o título legal da obra havia sido concedido pelo NCMM”. As investigações feitas pelo museu provaram o contrário, acrescentou, e o museu “arranjou com o vendedor e seu agente para que a ‘Cabeça de Bronze’ voltasse para sua casa de direito”.

    O museu disse que vai manter as obras até que o diretor-geral da NCMM, Abba Isa Tijani, possa viajar para Nova York para recuperá-las. “Agradecemos sinceramente a transparência em relação às questões que levam à devolução desses objetos”, disse Tijani em um comunicado.

    Ele acrescentou que a Nigéria está aberta a oportunidades “para colaborações de todos os tipos, incluindo exposições itinerantes com muitos desses objetos requintados”, e que planeja trabalhar “com o maior número possível de parceiros dispostos” em iniciativas como o projeto Digital Benin, um arquivo online de itens originários do histórico Reino do Benin.

    Max Hollein, diretor do Museu Metropolitano de Arte, disse em um comunicado que “a retenção dessas obras dentro das coleções nacionais da Nigéria é fundamental para o bem-estar da comunidade museológico e para promover a cooperação e o diálogo contínuos entre o museu nova-iorquino e os nigerianos”. Entre os projetos previstos, está o planejado Museu Edo de Arte da África Ocidental na cidade de Benin.

    “Damos as boas-vindas à reaproximação que se desenvolve no mundo dos museus e apreciamos o senso de justiça exibido pelo Museu Metropolitano de Arte”, disse Alhaji Lai Mohammed, ministro da informação e cultura da Nigéria, em um comunicado. “A Nigéria se junta a outros museus para tomar uma sugestão disso. O mundo da arte pode ser um lugar melhor se cada possuidor de artefatos culturais considerar os direitos e sentimentos dos despossuídos.”

    (Texto traduzido, leia o original em inglês)

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