Museu dos EUA monta estratégia para evitar demitir funcionários
Instituição transferiu parte da equipe para conduzir um trabalho de transcrição de documentos históricos
Um museu da cidade de Kansas, no estado norte-americano do Missouri, desenvolveu uma estratégia para evitar demitir os funcionários durante a pandemia do novo coronavírus, dando a eles parte de um grande projeto que está em andamento.
O Museu e Memorial Nacional da 1ª Guerra Mundial informou que está transferindo 10 funcionários para uma equipe dedicada a digitalizar milhares de cartas, diários e anotações.
Três das 40 pessoas que trabalham na instituição já estavam com essa missão, digitalizando e transcrevendo a coleção de materiais da 1ª Guerra, disse à CNN Mike Vietti, diretor de marketing, comunicação e visitas do museu. Agora, haverá um esforço ainda maior nessa tarefa, que permitirá a essas pessoas manter os empregos.
Após o estado implementar medidas de distanciamento social para conter a disseminação da COVID-19, o museu decidiu fechar suas portas no dia 14 de março, deixando o local aberto apenas às pessoas que utilizam o espaço externo para caminhar.
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Mas o trabalho diário da maioria dos funcionários do memorial envolve interação com os visitantes. Felizmente, Vietti disse que o museu começou a trabalhar em um plano para a equipe no começo de fevereiro, já prevendo que o vírus poderia causar um impacto significativo nas operações rotineiras da instituição.
“Apesar das perdas nas nossas receitas, vimos o ajuste em nossas equipes como uma solução criativa que permite à organização continuar funcionando para manter os funcionários empregados durante esses tempos desafiadores, quando o desemprego disparou”, afirmou o diretor.
Milhares de páginas em transcrição
Com os novos 10 membros na equipe, o museu conseguiu digitalizar mais de 100 cartas e diários até agora. Um desses documentos é uma carta de Charles Darby, que integrou a 81ª Divisão do Exército dos EUA, segundo Vietti.
Na carta, escrita para a mãe de Darby, ele fala sobre o tiro que levou, da gripe que contraiu, sobre as interações com prisioneiros alemães e os planos dele para quando fosse exonerado.
Digitalizar documentos como esse os tornam mais acessíveis ao público, e facilita o trabalho de traduzir o conteúdo para diferentes línguas, explicou Vietti.
A coleção inteira contém cerca de 300 mil itens, incluindo cartas de soldados e anotações em diários.
Transcrever esses materiais sempre esteve na lista de tarefas do museu, mas Vietti disse que, devido à falta de tempo e de funcionários, eles nunca conseguiram finalizar o trabalho.
A instituição estima que levará cerca de duas a cinco horas para transcrever cada um dos documentos, dependendo do tamanho.
“É difícil dizer quanto tempo levará para transcrever toda a coleção porque há milhares e milhares de páginas”, ressaltou Vietti. “A coleção jamais ficará completa já que pessoas de todas as partes do mundo fazem constantes doações ao memorial, então a coleção continua se expandindo e crescendo.”
O museu, uma instituição sem fins lucrativos, ficará fechado até 24 de abril.